Érica Santana
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Servidores do Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) estãoem estado de alerta para uma possível convocaçãode greve. A decisão foi tomada hoje (27) , após arealização de assembléias-gerais nos estados, ese deve às mudanças no órgão federal,segundo informou a presidente da Associação dosServidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos RecursosRenováveis (Asibama-DF), Lindalva Cavalcanti.Estão marcadas paraquarta-feira (2), às 9 horas, novas assembléias para osservidores decidirem se farão greve ou não. O anúnciodo desmembramento do Ibama em duas instituições e acriação do Instituto Chico Mendes de Conservaçãoda Biodiversidade, nova autarquia federal que executará asações da política nacional de unidades deconservação da natureza revoltou os servidores doIbama, segundo a líder sindical.“Nós estamos em estado dealerta porque o governo federal tomou uma decisão semdiscuti-la, por meio de medida provisória. Nósentendemos que ela simplesmente acaba com a unicidade da gestãoambiental”, declarou Lindalva Cavalcanti, em entrevista àAgência Brasil. A assessoria de imprensa do Ministério doMeio Ambiente informou que a ministra Marina Silva se reuniu com o presidente substituto do Ibama, Márcio Freitas, nesteinício de noite, e vai receber representantes dos servidores públicos. Ela divulgou, à tarde, um comunicado dirigido a eles sobre as mudanças no instituto e no ministério.A medida provisória (MP) quecria Instituto Chico Mendes de Conservação daBiodiversidade foi publicada hoje no Diário Oficial daUnião. A presidente da Asibama-DF disse que os motivosapresentados pela ministra para a criação do novo órgãosão inconsistentes: “A criação desse órgãonão nos convenceu. Um dos pontos levantados pela ministra foia relevância das unidades de conservação. Asunidades de conservação têm relevância aquidentro do Ibama também”.Cavalcanti acrescentou que osservidores estão mobilizados porque não podem “permitirque tudo aquilo que foi conquistado com o Ibama seja quebrado”. Elaafirmou que as transformações propostas pela ministrairão fragilizar o órgão federal. “Nós entendemos que esseprocesso é para tornar o Ibama desacreditado e fazer com queele caia em estado de inanição e deixe de atuar daforma que precisa”.Para a presidente da Asibama-DF, asmudanças podem estar sendo usadas pelo governo para desviar aatenção das polêmicas relacionadas as concessõesde licenciamento ambiental: “O licenciamento do Ibama estásendo bombardeado por empresas como Odebrecht [que será umadas responsáveis pela construção das usinas noRio Madeira, caso a construção seja autorizada], ealgumas autoridades instituídas estão tentando cada vezmais fragilizar os nossos técnicos e descaracterizar oconhecimento deles”.Lindalva Cavalcanti disse que, alémdas empresas interessadas, há pressão do MinistérioPúblico, que acompanha os processos. Destacou, porém,que os técnicos responsáveis pelas concessõestrabalham “indiferentemente da questão de pressão”.De acordo com ela, atualmente o Ibama tem mais de 5 mil servidores.“Por decisãoda assembléia nós vamos dizer que não vamosparticipar do processo de estruturação desse novoórgão”, afirmou.