Bárbara Lobato
Da Agência Brasil
Brasília - Cerca de 350 pessoas estão acampadas, desde de segunda-feira (16), emfrente a obra da Hidrelétrica de Estreito - região entre os estados deTocantins e Maranhão. Segundo o coordenador do Movimento dos Atingidospor Barragens (MAB), Cirineu da Rocha, umas das principaisreivindicações é que para que a população local seja ouvida. "A genteta tendo muita dificuldade para fazer contato com o governo,principalmente com o Ministério de Minas e Energia. Então, senenhum contato for feito, nós vamos intensificar o movimento e semprevisão de sair da região". Rocha ressaltou que hoje (20) estavamarcada uma entrevista com o ministério, mas que foi cancelada semprevisão para acontecer outra. Procurado pela Agência Brasil, o Departamento de Gestão Ambiental do ministério não pôde conceder até o fechamento desta matéria. Entreas reivindicações, Rocha diz que é importante ter reuniões com apopulação de baixa renda da região e que haja mais esclarecimentos arespeito das licenças para instalação daHidrelétrica. Desde que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) concedeulicença de instalação para a Hidrelétrica os moradores, entreagricultores eindígenas, discutem sobre a concessão de licenças e se a obra podecausar danos ambientais. "A gente quer o reconhecimento das pessoas quemoram na região, principalmente dos povos indígenas. Os empreendedoresnão reconhecem os impactos ambientais que isso [a construção da hidrelétrica] podecausar". De acordo com ele, a região compreende, aproximadamente, 40mil hectares de área verde com 50% representando as florestas."Automaticamente se tem a diminuição da caça, umas da principais fontesde alimentação dos povos indígenas". Em entrevista concedida à Rádio Amazônia, a superintendente do Ibama, Marluze Santos, disse que desde 2002 há encontroscom os órgãos governamentais para que a discussão sobre essas questões sejam levadas à população debaixa renda. "Sou a favor de novas consultas,de novas discussões públicas, e que o Ibama e outros órgãos públicosestejam abertos para discutir isso. É um empreendimento difícil e que,com certeza, pode causar danos ambientais", disse. De acordo com oConsórcio Estreito Energia, a hidrelétrica deve ficar pronta em 2010. Aprevisão é que o reservatório ocupe 555 quilômetros quadrados. Deacordo com o Ibama, a construção do Estreito vai atingir diretamente 11municípios e vai provocar o deslocamento de, aproximadamente, 5 milpessoas.Na opinião de Santos, a população de baixa renda deve procurar o Ibamapara esclarecer qualquer dúvida referente a licenciamento daHidrelétrica. "Hoje a diretoria de lincenciamento tem gente em váriasáreasafim de chegar mais próximos dessas pessoas [população de baixarenda]. Mas sempre vai faltar alguma detalhe que a gente não conseguiuanalisar devidamente. Eu acho que representantes dessas comunidadesdevem procurar o Ibama e expor os pontos que geram dúvida".