Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, afirmou hoje (21) queo fornecimento de gás natural da Bolívia ao Brasil está normalizado.Segundo Rondeau, a estação de bombeamento próxima ao campo de SanAlberto, invadida por manifestantes, foi desocupada e o transporte nogasoduto Bolívia–Brasil voltou a operar em plena capacidade.“Recebemosa informação do governo boliviano que às 13h30, no horário de lá, aprodução e a compressão do gás foram regularizadas”, afirmou Rondeau nofinal desta tarde. “O governo brasileiro considera esse episódiosuperado.”De acordo com o ministro, em quatro anos defuncionamento do gasoduto, essa foi a terceira vez que o fornecimentode gás boliviano para o Brasil foi reduzido por causa de incidentes como gasoduto. “Nas outras duas vezes, problemas meteorológicos causaram adiminuição no transporte, mas dessa vez a diferença é que o incidentefoi social [provocado por protestos na província de Gran Chaco,responsável por 85% da produção de gás da Bolívia]”, explicou.ParaSilas Rondeau, o impacto desse incidente foi mínimo e em nenhum momentoo consumo ficou ameaçado. “No ano passado, quando as chuvas na Bolíviaprejudicaram o gasoduto, o fornecimento diário de gás foi reduzido para18 milhões de metros cúbicos por 90 dias e não houve a necessidade deracionamento”, ressaltou o ministro. Atualmente, o Brasil importa 26milhões de metros cúbicos por dia de gás natural do país vizinho.Apesarde a produção no campo de San Alberto, operado pela Petrobras emparceria com a espanhola Repsol YPF e a franco-belga TotalFinaElf, tersido reduzida de 10 milhões para 3,2 milhões de metros cúbicos diáriospor causa das manifestações dos últimos dias, o corte no totalfornecido ao Brasil foi, segundo o governo, bem menor.Conforme oMinistério de Minas e Energia, durante a interrupção dos trabalhos naestação de bombeamento, o país deixou de receber 1,8 milhão de metroscúbicos diários – 1,2 milhão destinado ao contrato da YPFB (estatalboliviana de petróleo) com a Shell/Prisma, que atende a TermelétricaMário Covas, em Cuiabá (MT), e 600 mil metros cúbicos que iam para aCompanhia de Gás de São Paulo (Comgás). O gás natural utilizado pelaPetrobras não sofreu redução.Silas Rondeau afirmou ainda que ogoverno brasileiro está trabalhando para acelerar a produção nacionalde gás natural e investindo na importação de outros países para reduzira dependência do combustível boliviano e garantir segurança paraqualquer adversidade. “Em três a quatro anos, o mercado brasileiro vaiatingir o ponto de equilíbrio e o país conquistará a independênciaexterna em relação ao gás natural”, prometeu o ministro.Rondeautambém disse ter recebido garantias do ministro de Hidrocarbonetos daBolívia, Carlos Villegas, de que o governo do presidente boliviano EvoMorales não prepara nenhuma ocupação de refinarias e de unidades deprodução em 1º de maio, quando o decreto de nacionalização do gásboliviano completará um ano. “O ministro Villedas me assegurou que nãoexiste nada ameaçando a exportação de gás para o Brasil, nem o 1º demaio”, destacou o ministro.Desde a última segunda-feira (16), apopulação da província de Gran Chaco bloqueia estradas e faz protestosem refinarias e campos de produção de gás natural. Os manifestantesexigem parte dos lucros da exploração do combustível e reivindicam umplano de desenvolvimento para a região, no sul da Bolívia.