Manifestantes contrários à transposição do São Francisco permancem na sede da Codevasf

17/04/2007 - 22h44

Aline Bravim
Da Agência Brasil
Brasília - Movimentos sociais que ocuparam oprédio da Companhia de Desenvolvimento do Vale do SãoFrancisco (Codevasf), em Bom Jesus da Lapa, Bahia, na últimasegunda-feira (16), continuam instalados no prédio. Embora amanifestação não tenha prazo para terminar,representante da Codevasf diz que as negociações jáestão avançando.De acordo com o articulador daComissão Pastoral da Terra (CPT), Samuel Brito, o motivo damanifestação é fazer com que os responsáveispela transposição do Rio São Francisco discutamcom a sociedade a respeito da revitalização.“Não tem como falar derevitalização sem falar da regularizaçãodas terras públicas, terras quilombolas e reservas da região,reforma agrária e saneamento básico. Tem tambéma questão da educação para os quilombolas eassentados, e as questões ambientais”, explica.O articulador diz que o governo nãoestá se preocupando com as populações que moramàs margens do rio. Segundo ele, o projeto tem que partir dasnecessidades do povo, sobretudo os ribeirinhos. “A revitalizaçãodo governo tem servido como uma moeda de troca para justificar atransposição. Existem povos que vivem a 100 metros doSão Francisco, que utilizam água de máqualidade. Por outro lado, querem levar o rio para o NordesteSetentrional com a falsa justificativa que a água vai matar asede dos nordestinos, sendo que tem pessoas aqui que passam sede”,protesta Brito.Para o superintendente regional daCodevasf, Luiz Geraldo Bastos, as reivindicações sãojustas, por serem movimentos sociais, voltados para os quilombolas,índios e ribeirinhos. “As negociações estãoavançando e nós marcamos algumas reuniões paranegociar. A nossa parte está sendo cumprida, e eu espero queeles cumpram a deles, que é evacuar o prédio”,afirma.Segundo Bastos, hoje (17) foramfeitas reuniões dos movimentos com a Codevasf e o InstitutoBrasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis(Ibama) regional. Para amanhã, foram marcadas reuniõescom secretarias municipais. Na terça-feira (24), diz, oslíderes dos movimentos vão se reunir com representantesdo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária(Incra), da Gerência Regional do Patrimônio da União,da Secretaria do Patrimônio da União e da FundaçãoPalmares.O articulador da CPT, Samuel Brito,afirma que os movimentos sociais pretendem continuar no prédioda Codevasf até que a maioria das reivindicaçõesseja atendida. De acordo com Bastos, da Codevasf, algumasprovidências da área jurídica foram tomadas, parao caso de as negociações não resolverem oproblema da ocupação do prédio.Ontem (16) a Ordem dos Advogados doBrasil (OAB) de Sergipe entrou com ação popular noSupremo Tribunal Federal (STF) pedindo a suspensão do Projetode Integração do Rio São Francisco àsBacias do Nordeste Setentrional, que prevê a transposiçãode águas.