Marcos Agostinho
Da Agência Brasil
Brasília - Osindígenas e ribeirinhos que durante dez horas de bloquearam arodovia Belém-Brasília, ontem (16), provocando umcongestionamento de cerca de dez quilômetros nas duas pistas,vão continuar no acampamento montado em frente ao canteiro deobras da hidrelétrica de Estreito no Maranhão, portempo indeterminado. A informação é damissionária Laudovina Pereira, do Conselho IndigenistaMissionário (Cimi).Aação faz parte do Abril Indígena, uma sériede manifestações destinadas a mostrar à sociedade os principais problemas que os índios enfrentamatualmente. A principal reivindicação dos indígenasé que seja suspensa a construção da hidrelétricade Estreito. Eles alegam que não houve uma discussãoséria e profunda sobre os impactos ambientais da obra.Deacordo com a missionária, o Cimi apóia o AbrilIndígena, pois a sociedade precisa saber das carênciasindígenas. “Os índios nunca fazem manifestaçõesem vão. Se eles fecharam a rodovia ontem por mais de dez horasé porque eles têm reivindicações a fazer ea sociedade precisa saber disso”, disse a missionária.Elaexplicou que os índios têm toda uma simbologia em tornoda água, por acreditarem que a vida surgiu da água.Segundo ela, o Programa de Aceleração do Crescimentoprevê a construção de mais quatro hidrelétricasna bacia do Tocantins, o que conflita com a cultura da populaçãodo local.LaudovinaPereira destacou que os manifestantes tiveram algumas conquistas,como por exemplo a promessa das Comissões de Direitos Humanosda Câmara e do Senado de conversar com as populaçõeslocais. “Os manifestantes estão reunidos para avaliar apossibilidade de que isso venha a acontecer”, disse Laudovina.Amissionária disse que as comissões das duas casas devemdefinir amanhã (18) uma equipe para ir até ascomunidades conversar com os moradores do local e conhecer arealidade dessas comunidades.Elacriticou o desenvolvimento dos estudos de impacto ambiental, quesegundo ela são feitos de forma pontual e fragmentada. Amissionária disse que uma das propostas dessas comunidades éque os estudos levem em consideração o impacto de todasas hidrelétricas sobre a bacia do rio Tocantis.Segundo a missionária, os manifestantes também tiveram a promessa doMinistério Público do Maranhão de analisar aviabilidade técnica de julgar a ação que pede asuspensão das obras da hidrelétrica de Estreito noprazo de dez dias.