Chávez diz que não está contra biocombustíveis e que importará etanol do Brasil

17/04/2007 - 14h32

Flávia Peixoto
Enviada especial
Ilha Margarita (Venezuela) - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse hoje (17), ao final da Cúpula Energética Latino-Americana, em Ilha Margarita, que não está contra a produção de etanol e que seu país, inclusive, importará o produto do Brasil. "Quero esclarecer que nós não estávamos contra biocombustíveis. Queremos importar etanol do Brasil, além disso, sem taxas." Em seu discurso, Chávez dirigiu-se ao presidente brasileiro: "Lula, solicito o melhor preço possível para os próximos dez anos".No início de março, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, criticou avisita de Bush à América Latina – inclusive ao Brasil– e afirmou que o plano de difundir o etanol é “irracionale antiético”. “Pretender substituir a produçãode alimentos para animais e seres humanos pela produçãode alimentos para veículos para dar sustentaçãoao american style of life [estilo de vida americano] é uma coisa de loucos”,disse.Hugo Chávez confirmou as declarações do assessor da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, de que o Brasil está renegociando a venda do etanol para a Venezuela. "Nós vendemos etanol e vamos continuar vendendo etanol para a Venezuelapara que incorpore cerca de 10%. As críticas sobre a produçãodo etanol estão atenuadas em certa medida. O acordo já está sendorefeito e agora é simplesmente uma questão de preço", afirmou Garcia em entrevista ontem (16). O presidente venezuelano defendeu, no documento final do encontro, um tratado energético sul-americano que  tenha, entre os eixos estratégicos, petróleo, gás e biocombustível. Defendeu ainda duas formas de transportar gás pela América do Sul - uma por plantas de regaseificação, que levam gás líquido, e outra pelos gasodutos como o do Sul, o Transoceânico e o Transandino.Sobre o Transandino, Chávez disse que conversou, ontem à noite, com Álvaro Uribe, presidente da Colômbia, sobre a extensão do gasoduto até o Panamá, na América Central. O Transandino passa também pelo Equador, Peru e Bolívia.Quanto ao Gasoduto do Sul, informou que, durante café da manhã hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que o governo adiante as obras em território venezuelano."As riquezas energéticas devem ser o grande eixo de integração. Que tenhamos certeza de que não nos faltará energia. Para isso, é preciso um bom plano estratégico, ao menos para os próximos 20 anos", disse Chávez.Ele lembrou que na faixa de Orinoco, na Venezuela, foi reservado um bloco sul-americano, onde já estão Brasil e Argentina, para exploração conjunta de poços de petróleo.Quanto ao Banco do Sul, Chávez afirmou que o projeto deverá fiananciar a infra-estrutura da integração energética na região. A intençãobrasileira de aderir à instituição foi anunciada no último domingo(15) em Washington, pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Lançadaem fevereiro pelos presidentes Chávez e Néstor Kirchner, da Argentina, anova instituição já havia recebido adesão do Equador e da Bolívia. OBrasil vinha participando como observador nas reuniões técnicas queestudam o formato do banco.Em seu discurso no encerramento da cúpula, Hugo Chávez lembrou ainda que do total de barris de petróleo no mundo, 25% estão na América do Sul e desses, 95% na Venezuela.