MST ocupa fazenda em Franco da Rocha e dá início a desocupações em Andradina

14/04/2007 - 17h07

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Cerca de 200 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) ocuparam na madrugada de hoje (14), por volta das 3 horas, a Fazenda Belém, em Franco da Rocha, na Grande São Paulo.Segundo Roseli Maria Paini, da direção estadual do MST, a fazenda Belém tem cerca de 200 hectares e é improdutiva. “A gente não tem as informações corretas sobre quem é o proprietário da fazenda. Uma parte da produção dela é de eucalipto”, afirmou hoje, em entrevista à Agência Brasil.“As famílias pretendem ficar aqui e cobrar do governo a desapropriação da área porque é improdutiva e a Constituição garante que áreas improdutivas sejam desapropriadas para fins de reforma agrária”, disse.De acordo com a líder, além da exigência de que a Fazenda Belém seja desapropriada, as famílias acampadas também reivindicam “que se faça vistoria em outras áreas da Grande São Paulo”.Durante toda a semana, o MST ocupou quatro fazendas no estado de São Paulo, segundo a assessoria de imprensa do movimento. A primeira delas foi a Fazenda do Grupo Suzano Papel e Celulose, em Itapetininga, ocupada no último domingo (08). Também foram ocupadas três fazendas na região de Andradina, no norte do estado: a Fazenda Timborezinho, com 773 hectares, ocupada na última quinta-feira (12) por 120 famílias do movimento; a Fazenda Pendengo, no município de Castilho, com 4.343 hectares, ocupada na quarta-feira (11) por 200 famílias; e a Fazenda São Lucas, em Mirandópolis, com 1.540 hectares, ocupada por 150 famílias sem-terra desde a madrugada de segunda-feira (9).Na tarde deste sábado, o movimento sem-terra decidiu dar início à desocupação das Fazendas Timborezinho e São Lucas. De acordo com Lourival Plácido de Paula, membro da direção estadual do MST na região de Andradina, os sem-terras decidiram deixar as duas fazendas antes do despejo, já que a Justiça teria concedido a reintegração de posse aos fazendeiros. Em entrevista à Agência Brasil, Paula disse que o movimento também deve definir, ainda hoje, pela desocupação da terceira fazenda na região de Andradina.De acordo com Paula, as desocupações foram “só um recuo” e não significam que “é o fim da luta”, mas apontam “o começo de uma nova fase a partir de agora”.“Faz parte da nossa jornada do mês de abril, onde estamos relembrando o Massacre de Eldorado dos Carajás, que até hoje está impune, cobrando dos governos federal e estadual políticas de reforma agrária”, afirmou o diretor estadual do MST.