Líder indígena diz que país não tem política para demarcação de terras

14/04/2007 - 13h13

Edla Lula
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Cerca de 2.500 pessoasparticipam do 2° Encontro Continental Sepé Tiaraju e o Povo Guarani, emPorto Alegre. Guaranis do Brasil, da Argentina, da Bolívia e doParaguai discutem, entre outros temas, a demarcação de terrasindígenas."Muitos de nós estãopassando muita dificuldade e até fome", desabafa Anastácio Peralta,liderança indígena do Mato Grosso do Sul. Peralta, cujo nome indígena éAva Kuarahy Rendyju, conta que o maior problema hoje é a falta deperspectiva em relação à política de distribuição de terras para ospovos indígenas. "Não há uma política definida para a demarcação dasterras, nem politicas públicas que respondam às nossas necessidades".Segundo a liderança, mesmo quando há demarcação, não há recursos paramanutenção da terra."Em outros paísesvizinhos, como o Paraguai, a situação ainda é pior", diz, ao lembrarque, diferente do Brasil, lá não existem órgãos públicos que amparem osíndios.Paralta define oevento como " um encontro de família", em que as pessoas falam de suasvidas e de suas culturas, ainda que estejam tratando de temas ligados àluta indígena. "Nós viemos aqui com muita alegria, brincamos, rezamos,dançamos ao redor da fogueira, tomamos chá e conversamos sobre asnossas vidas".Ontem, os índiosrealizaram uma marcha até o Palácio Piratini, sede do governo doestado. Os Guarani foram recebidos pelo chefe da Casa Civil do governo,Luiz Fernando Zachia, a quem entregaram uma carta.Hoje, no final do encontro, os índios divulgarão Carta Continental do Povo Guarani, com um apelo pela sobrevivência do seu povo.Além dos índios,participam do encontro representantes do Conselho IndigenistaMissionário (CIMI), da Via Campesina, do Movimento dos TrabalhadoresDesempregados e da Juventude Urbana.