Escolas rurais precisam de ações específicas para superar problemas

07/04/2007 - 15h12

Juliana Andrade e Manoela Alcântara
Da Radiobrás
Brasília - Quase metade das mais de 200 mil escolas públicasbrasileiras ficam em áreas rurais. Apesar de contar com quase o mesmo númerode instituições que nas cidades, quando o assunto é qualificação deprofessores, a realidade no campo é diferente. Apenas 21% dosprofissionais que dão aula de 1ª a 4ª série nas escolas rurais têmgraduação, enquanto na cidade esse número aumenta para 56,4%.De acordo com o coordenador-geral de Educação noCampo do Ministério da Educação, Antonio Marangon, essa diferençaocorre porque os professores se sentem desestimulados para trabalharnas escolas rurais. Além do difícil acesso, outro problema apontado porele é a remuneração dos docentes. "Na maioria das vezes, como oprofessor é municipal, acaba recebendo a mesma remuneração da cidade nocampo. Como não tem concurso específico para professores do campo, osalário é igual." Segundo Marangon, a falta de qualificação dosprofessores se soma à falta de transporte para muitos alunos da árearural. Para o ministro da Educação, Fernando Haddad, as escolas ruraisbrasileiras - sejam na floresta, em reserva indígena ou em comunidadequilombola – passam por situações muitas vezes "dramáticas". De acordocom ele, o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) deve trazersoluções para problemas como o do transporte escolar.Uma das propostas, explicou Haddad, é a criaçãode uma linha de financiamento do Banco Nacional de DesenvolvimentoEconômico e Social (BNDES) "a juros simbólicos, prazo longo e isençãocompleta de impostos, para que prefeitos egovernadores possam renovar as frotas, comprar veículos mais adequadosao transporte".O ministro diz que um dos problemas é que, no país,ainda não há um padrão de veículo escolar. Haddad explica que ogoverno tem conversado com o setor industrial justamente para especificar ummodelo nacional, como existe em paísesdesenvolvidos."Nós queremos ter esse padrão de qualidade do veículoescolar no Brasil, seja o ônibus, no caso das regiões Sul e Sudeste,Centro-Oeste e Nordeste, seja o caso de um veículo próprio para a regiãoAmazônica que garanta que a criança chegue no menor espaço de tempopossível à escola. Muitas vezes, essa viagem hoje com o que estádisponível, leva até duas, três ou quatro horas", explica o ministro. Outra medida prevista no PDE está ligada diretamenteà qualificação dos professores. Segundo o ministro, o plano prevê queas universidades federais assumam a responsabilidade pela formação dosprofessores da educação básica, por meio do programa UniversidadeAberta do Brasil. "Trata-se de um pólo mantido pelo prefeito ou pelogovernador, que vai atender os professores, sobretudo os professores emserviço, além de formar novos professores, porque há regiões do paísonde há déficit de professores, sobretudo nas áreas de química, físicae biologia, no ensino médio, da 5ª à 8ª série. A universidade federalvai colocar todo o seu aparato à disposição para oferecer cursossuperiores, nas áreas de licenciatura, pedagogia e, para aquelesprofessores já formados, nas áreas de administração, mestrado oudoutorado". O ministro destaca que, dessa maneira, "o professorvai estar necessariamente vinculado a uma universidade por toda a suavida profissional e, a cada período, pode ser de três ou quatro anos,ele retorna ao banco escolar para uma atualização".