MST mantém ocupação em apenas uma fazenda no estado de São Paulo

25/02/2007 - 17h17

Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) deixaram hoje (24) todas as fazendas que ocupavam no Pontal do Paranapanema - região oeste do estado de São Paulo. Agora, apenas uma propriedade, a fazenda Floresta, em outra região, no noroeste do estado, próxima à cidade de Araçatuba, permaneceu ocupada neste domingo. A informação é do presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Sintraf), José Carlos Bossolan. O Sintraf está engajado nas ações, iniciadas em conjunto com membros do MST no feriado do carnaval.De acordo com Bossalan, apesar da retirada na região do Pontal, as ocupações devem se ampliar na região noroeste de São Paulo. Segundo ele, outras oito fazendas da área podem ser ocupadas nos próximos dias. “A onda de ocupações deve permanecer. Na realidade, o que nós tentamos, e estamos esperando, que é uma audiência com presidente da República, até agora ainda não se confirmou”, disse. Bossolan afirmou que o objetivo do movimento é agilizar o andamento dos processos de desapropriação no noroeste do estado que, segundo ele, estão “emperrados” em instâncias do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e da Justiça. As áreas do Pontal, já desocupadas, enfrentam problemas principalmente relacionados ao Instituto de Terras do Estado de São Paulo, destacou.   De acordo com o coordenador do MST na região do Pontal, Wesley Mauch, a decisão de desocupar as propriedades na área foi tomada depois de fechado um acordo com representantes do Itesp. Uma reunião deve ser marcada nos próximos dias entre representantes dos sem-terra e do governo estadual.A reportagem procurou representantes do Itesp e do Incra, mas não consegui contatá-los neste domingo. Durante a semana, o presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabban Garcia, classificou a ação dos sem-terra de “criminosa” e “agressiva”. “Não existe fazenda improdutiva aqui. O que existe, em algumas propriedades que são minoria, são ações discriminatórias do estado para ver a legitimidades dessas terras. Se são públicas ou privadas”, afirmou Luiz Garcia.Apesar das críticas, para o líder ruralista, “o governo teria condições, sim”, de atender as famílias que aguardam assentamento na região do Pontal, onde, segundo informou, existem cerca de 300 mil hectares ou cerca de 20% da região passíveis de implantação da reforma agrária.