Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Pelo terceiro dia consecutivo, os líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e das entidades de classe dos empregados do campo filiadas à Central Única dos Trabalhadores (CUT) mantiveram hoje (20) a ação de ocupar novas áreas, na região do Pontal do Paranapanema e Nova Alta Paulista, no oeste do estado. Com a participação de mais de 2,3 mil famílias, o grupo já montou acampamentos em 13 fazendas e pretende ampliar o território ocupado entrando em outras três ou quatro propriedades ao longo dessa semana. A informação foi dada pelo coordenador do MST na região, Wesley Mauch. O objetivo dessas novas invasões, segundo Mauch, é retomar o processo de assentamentos “que, praticamente, não avançou como deveria”. Ele informou que, paralelamente à ação de continuar ocupando terras sob demandas judiciais ou que são consideradas pelo MST improdutivas no estado de São Paulo, as lideranças tentarão marcar audiências com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o governador paulista, José Serra. Sobre a condenação do movimento, por parte da Secretaria da Justiça do estado, Mauch afirmou que “nós não queremos (que haja necessidade de) mais ocupações e sim que os órgãos do estado funcionem”, em referência ao que classificou de “incompetência pública” no trato com apropriações de terra para fins de reforma agrária.Ele criticou a política desenvolvida para o setor durante a gestão do ex-governador Geraldo Alckmin, ao afirmar que ele prometera assentar 1.400 famílias. “Mas não passou muito de 200”, lamentou. Também se queixou diretoria anterior da Fundação Instituto da Terra do Estado de São Paulo (Itesp), que teria assumido o compromisso de reservar 27 mil hectares para a reforma agrária, mas em três anos a área se limitou a 2 mil hectares.Esses 27 mil hectares, conforme esclareceu, seriam suficientes para acabar com as barracas de lona espalhadas em vários pontos nas beiras de estrada e também com a situação de desemprego de trabalhadores rurais das periferias do interior paulista. "No entanto, o que a gente vê é que não existe boa vontade e não é realizado assentamento de qualidade”, avaliou. A assessoria da Secretaria de Justiça e Defesa da Cidadania do estado informou que o secretário Luiz Antonio Marrey não estaria disponível para conceder entrevista hoje e que em 45 dias de governo se reuniu com lideranças de diversos movimentos sociais e outras entidades. "A secretaria desaprova as invasões e vai ouvir todos os setores para estabelecer um canal de diálogo", argumentou a assessoria.