Assessor da CPT cobra mudanças na política econômica como forma de reduzir a impunidade

28/01/2007 - 19h21

Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O assessor da Comissão Pastoral da Terra (CPT), FreiGilvander Moreira, aproveitou o ato público em memória aos auditores fiscaisassassinados em Unaí (MG), realizado neste domingo (28), para cobrar do governofederal mudança na política econômica. Segundo destacou, em entrevista à AgênciaBrasil, somente com a geração de mais empregos e redução das desigualdadessociais será possível combater o trabalho análogo à escravidão e,conseqüentemente, reduzir a impunidade no país.“A situação análoga de escravidão no país é estimulada porcausa do grande número de desemprego e da miséria na periferia das grandescidades. Por isso, muitas vezes os trabalhadores têm de se submeter a esse tipode trabalho. Para reverter isso é preciso mudar a política econômica, que temde ser soberana e priorizar, pra valer, a distribuição de renda”, afirmou.Gilvander informou que no país, segundo estimativa da CPT,ainda existem cerca de 30 mil trabalhadores em condições análogas à escravidão.“Precisamos superar essa chaga que macula a sociedade brasileira. Defendo,também, que seja feita uma reforma agrária mais justa e que o governo dê maisapoio à agricultura familiar”.O representante da CPT também cobrou, como forma de reduzira impunidade no país, mais vontade política dos três poderes, especialmente doJudiciário. Ao poder Executivo, segundo ele, cabe a tarefa de garantirsegurança e a eficiência dos órgãos e agentes púbicos; ao Legislativo, a tarefade criar e reformar as leis para que não deixem brechas para interpretações, eao Judiciário, o papel de assegurar o cumprimento da lei, garantindo puniçãoaos fraudadores e aos criminosos.Gilvander repudiou o fato de até hoje, três anos depois damorte dos quatro funcionários da Delegacia Regional do Trabalho, o julgamentodos nove acusados de envolvimento na chacina não ter sido marcado. “Já sepassaram três anos e estamos incomodados com essa impunidade. O inquérito émuito claro, por isso chamamos que seja feito já o julgamento”, afirmou.Em 28 de janeiro de 2004, os auditores fiscais João BatistaSoares Lage, Eratóstenes de Almeida Gonçalves e Nelson José da Silva e omotorista Aílton Pereira de Oliveira foram assassinados no município de Unaíquando investigavam denúncias de trabalho escravo na zona rural. O caso ganhourepercussão nacional e internacional.Familiares, amigos e trabalhadores rurais foram novamenteneste domingo às ruas cobrarem agilidade no julgamento dos acusados e exigirema punição dos culpados. Já se passaram mais de dois anos desde a sentença daJustiça Federal, que decidiu levar a júri popular os acusados da chacina. Detodos, somente o acusado Antério Mânica, atual prefeito de Unaí, tem direito aforo privilegiado.Dos nove suspeitos, três estão em liberdade beneficiados porhabeas corpus. São eles: Antério Mânica, Noberto Mânica (irmão de Antério) eJosé Alberto Costa, o Zezinho.