Advogado de acusado da chacina diz que seu cliente é vítima da "passionalização" do caso

28/01/2007 - 21h27

José Carlos Mattedi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Para o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, que defende o fazendeiro Norberto Mânica, um dos nove acusados pela morte dos auditores fiscais do trabalho na cidade mineira de Unaí há três anos, seu cliente é vítima da “passionalização” do processo pelo Ministério Público Federal (MPF), sem o amplo direito de defesa e direito ao contraditório. Os irmãos Norberto e Antério Mânica, atual prefeito de Unaí, foram apontados como mandantes do crime.Segundo Castro, não há contra Norberto nenhum indício de participação na chacina e não foi dado ao seu cliente o direito de se defender. “Norberto foi sentenciado para ir á júri sem que fosse ouvida nenhuma das 50 testemunhas de defesa. Nunca vi isso na advocacia criminal”, sublinha o advogando, revelando que já entrou com duas ações, uma Supremo Tribunal Federal (STF) e outra no Superior Tribunal de Justiça (STJ), para anular a sentença que determinou que seu cliente fosse à júri.“Espero que tenhamos um julgamento técnico, baseado nas provas que estão postas nos autos. O MPF mineiro está sendo pouco técnico e muito passional na questão”, comentou. Para Almeida Castro, como o crime teve uma repercussão internacional, foi mais cômodo para o MPF “não acreditar que aquilo foi um latrocínio [roubo seguido de morte]. Assim, criou um fato político sobre um dos maiores produtores de feijão e de soja do mundo”. E concluiu: “O MPF criou uma falácia para o grande público e a imprensa”.Os auditores fiscais João Batista Soares Lages, Eratóstenes de Almeida Gonçalves, Nelson José da Silva e o motorista Ailton Pereira de Oliveira foram assassinados a tiros na zona rural de Unaí no dia 28 de janeiro de 2004. Já se passaram três anos, e o julgamento dos nove acusados de envolvimento na chacina ainda não ocorreu.Os suspeitos são, segundo investigações, Erinaldo de Vasconcelos Silva; Rogério Alan Rocha Rios; William Gomes de Miranda, acusados de serem os pistoleiros; Francisco Elder Pinheiro, apontado como agenciador do grupo; e Humberto Ribeiro dos Santos, que tentou destruir provas. Os empresários Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro, também estão sob suspeita de encomendarem a execução.