Preocupação internacional com poluentes abre espaço para etanol brasileiro, avalia professor

23/01/2007 - 23h41

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A preocupação das grandes corporações mundiais com asmudanças climáticas abre uma oportunidade para a produção brasileira de etanol,avalia o professor Mário Ferreira Presser, coordenador do Curso de DiplomaciaEconômica da Unicamp. Os efeitos nocivos da emissão de gases que geram o efeitoestufa será um dos principais temas do Fórum Econômico Mundial, que começa hoje(24) em Davos, nos Alpes suíços.“A questão das energias renováveis e de todas as formas quevenham a reduzir a emissão de gases de efeito estufa tornou-se um assunto muitoimportante na agenda empresarial”, avalia Presser. “Nos Estados Unidos e mesmoem outros países, a utilização do etanol acrescentado à gasolina normaltornou-se uma assunto obrigatório e todos sabem que o Brasil é o país maiscompetitivo na produção de etanol”, destaca.Hoje, americanos e europeus, principalmente, resistem àimportação do etanol brasileiro –  é umsetor que os países avançados julgam sensível, não sujeito à liberalizaçãocomercial. Insistem em subsidiar a cara produção local e a impor barreirastarifárias sobre a entrada de etanol estrangeiro. Esse cenário pode mudar apartir dos debates de Davos.“Essa preocupação renovada com as mudanças climáticas levaágua ao moinho das barreiras que travam o comércio internacional de etanol”,acredita Mário Presser. “Eles dificilmente vão conseguir produzir o etanolnecessário no curto prazo, então, mesmo rangendo os dentes e com restrições,tudo indica que vai haver uma abertura de mercado importante para o etanol brasileiro”,acredita.Um fator que pode acelerar as negociações é a possibilidadede transferência de tecnologia brasileira de produção de etanol para paísesafricanos. “Isso tem vários atrativos: contempla os africanos,os europeus, oBrasil. Resolve a questão do clima, da pobreza e da liberação do mercado deaçúcar e álcool. “A estratégia dos empresários brasileiros é mostrar que não setornarão os grandes produtores de etanol sozinhos, que muitos outros países emdesenvolvimento podem se beneficiar desta abertura de mercado”, analisa.“Há entusiasmo com isso inclusive no Banco Mundial.Uma vez que ninguém sabe bem o que fazer com a África, inserir a África comoprodutor de um produto com demanda certa seria um tremendo avanço e seria umgrande gol para o Brasil”, acredita Mário Presser.