ONG brasileira vai coordenar projeto de pacificação em bairro no Haiti

24/01/2007 - 11h32

Spensy Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Uma organização não-governamental brasileira, comexperiência em políticas sociais nas favelas cariocas, será responsável emPorto Príncipe, a capital haitiana, por um projeto ligado ao desarmamento e apacificação do país, a cargo da Missão das Nações Unidas para a Estabilizaçãodo Haiti (Minustah). O Viva Rio será responsável por consolidar o processo de pazem Bel Air, bairro de cerca de 70 mil habitantes em Porto Príncipe. O cientistasocial Rubem César Fernandes, diretor da entidade, conta que a ação se dará emparceria com as tropas, que continuarão a manter a segurança na área.Enquantoisso, obras aumentarão a oferta de água potável, energia, coleta de lixo esaneamento, e equipes capacitarão a população local em temas como o manejo daágua e saúde da família. Bel Air fica no centro da capital haitiana, tem importânciahistórica para o país e, por isso, a recuperação da área terá sentidosimbólico, segundo Fernandes.“È como o que se deu na Lapa, no Rio, ou noPelourinho, em Salvador”, compara ele. “A nossa preocupação é mostrar que amissão de paz pode trazer benefícios concretos, palpáveis para os haitianos.” A pacificação das zonas mais violentas das cidades haitianasé, desde 2004, uma das principais metas da Minustah. Até agora, houve poucosavanços em temas como o desarmamento. Segundo o mais recente balanço da ONU,apenas 104 pessoas entregaram as armas até agora para juntar-se aos programasde reintegração social que a missão oferece. O diretor da Viva Rio explica que o objetivo do projeto emBel Air não será, propriamente, o de desarmar a população. “O mais importante élivrar o bairro dos tiroteios, da presença das armas na vida pública, napolítica local”, explica ele. “Existem dificuldade econômicas no mundo inteiro,e nem por isso, há violência armada nesses locais.” Fernandes compara a realidade da pobreza haitiana com oquadro encontrado nas favelas do Rio. “A diferença é que, lá, as facçõesarmadas não extraem sua força do tráfico de drogas, e sim da política”, dizele.Bel Air, segundo o diretor da Viva Rio, é um bairro onde a ação das tropasbrasileiras da Minustah conseguiu estabelecer uma “razoável tranqüilidade”nas ruas, diferentemente do que acontece em Cité Soleil.Segundo o diretor do Viva Rio, o projeto em Bel Air já se encontra em fase inicial, será financiado pelo governo norueguês,durará quatro anos e tem orçamento de US$ 1,4 milhão para 2007. A mão-de-obralocal será priorizada nos trabalhos.Neste primeiro ano, a prioridade é aconstrução de cisternas públicas (ao lado de escolas, igrejas etc.), paraacumulação da água da chuva e a formação de redes de mulheres que atuem comoagentes de saúde e na gestão dessa água.