MST desocupa fazenda produtora de camarões no Ceará

24/01/2007 - 19h52

Gláucia Gomes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)deixaram hoje (24) a fazenda Qualibrás, no município de IItapipoca,região litorânea do Ceará. A fazenda, que produz camarão em cativeiro,tinha sido ocupada há dois dias. Segundo Marcelo Matos, membro dadireção regional do MST, os trabalhadores decidiram sair depois dereceber ameaças de jagunços.Mattos disse que a decisão foi tomada para evitar qualquer conflito que colocasse emrisco a segurança das famílias. "Saímos com a perspectiva de voltar novamente, caso o Incra[Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária] não resolva concretamente os problemas da reforma agrária”, afirmou o representante dos sem-terra. Em reunião realizada ontem (23) entre representantes do MST e daSuperintendência do Incra no Ceará, os trabalhadores  pediram arevisão de processos de vistoria na região de Itapipoca, por causa dalentidão da reforma agrária no estado, e a demarcação de área indígenaameaçadapor empreendimentos turísticos e solução para os possíveis impactosambientais causados pelacriação de camarões em cativeiro - a carcinicultura. Eles pediramtambém uma solução para o problema dos lixões que estãodegradando o meio ambiente. Essa reivindicação veio em forma dedenúncia.O superintendente substituto do Incra,Raimundo Cruz, informou que será criado, até o próximo dia 7, um grupode trabalho para verificar a fundamentação da denúncia, do ponto devista ambiental, para que se possa, então, tomar  providências. Deacordo com Raimundo Cruz, o grupo terá representantes de váriasentidades, além do Incra, entre elas, o Instituto do Meio Ambiente eRecursos Naturais Renováveis (Ibama), a Superintendência Estadual doMeio Ambiente, o Ministério do Desenvolvimento Agrário, a Ordem dosAdvogados do Brasil (OAB), a Assembléia Legislativa e a Secretariaestadual de Desenvolvimento Agrário. Quanto à questão indígena, Cruz disse que não éatribuição do Incra. Hoje de manhã, houve reunião entre representantes do MST e da Fundação Nacional do Índio (Funai) noCeará, mas, segundo Marcelo Matos, nada ficouencaminhado.