Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As alterações climáticas mundiais serão um dos principais temas na pauta doFórum Econômico Mundial 2007, que começa hoje (24) na cidade suíça de Davos. Oencontro, que acontece desde 1971, reunirá até o próximo domingo (28) cerca de2,4 mil líderes globais – a maioria, executivos de grandes corporações.O presidente Luiz Inácio Lula da Silva será o único presidente sul-americano emDavos, ao lado de outros 23 chefes de estado ou de governo. Estrelasinternacionais como os músicos Bono Vox e Peter Gabriel e o escritor brasileiroPaulo Coelho também confirmaram presença.Desde o início do Fórum Social Mundial, em 2001, na cidadede Porto Alegre, o Fórum Econômico Mundial tenta incorporar pautas da sociedadecivil. Ambos discutem, agora, os efeitos nocivos na emissão de gases de efeitoestufa, a diminuição nos níveis de água potável, catástrofes naturais, doençasinfecciosas no mundo em desenvolvimento, guerras civis, corrupção, crimes transnacionaise globalização. A diferença está no foco da discussão.“A perspectiva do Fórum Econômico é a perspectiva do setorprivado. É claro que é convergente e consistente com o processo de globalizaçãoe de abertura de mercados, enquanto o Fórum Social discute os efeitos daglobalização sobre a sociedade. São duas faces da mesma moeda”, resume ocientista político Ricardo Caldas, professor do Instituto de Ciência Políticada Universidade de Brasília.O coordenador do Curso de Diplomacia Econômica da Unicamp,Mário Ferreira Presser, destaca que, durante muitos anos, o Fórum EconômicoMundial destinava-se a festejar “efeitos positivos” da globalização. Hoje,Davos é uma arena de debates dos problemas da globalização.“Especialmente depois das crises financeiras muito agudasdos anos 90, esse entusiasmo com a globalização passou a ser moderado por umapreocupação com alguns aspectos não resolvidos, como a pobreza na África, comproblemas políticos, como a segurança energética, e com questões geopolíticas,como o terrorismo e os conflitos no Afeganistão e no Iraque”, explica.Muitos ainda são céticos quanto às preocupações sociais dasgrandes corporações. “Infelizmente não conseguimos, ainda, uma correlação deforças onde esse discurso seja mais do que retórica. As estatísticas todos osanos da ONU [Organização das Nações Unidas] e do próprio Banco Mundial têmrevelado que o verdadeiro abismo que existe entre o mundo rico e o mundo pobrese amplia”, diz Antonio Martins, integrante do Conselho Internacional do FórumSocial Mundial e membro do Attac-Brasil.As cerca de mil empresas representadas no fórum deDavos totalizam receitas conjuntas de cerca de US$ 10 trilhões – praticamenteum quarto do PIB mundial.