Centrais sindicais reafirmam críticas ao uso do FGTS em obras de infra-estrutura

24/01/2007 - 14h51

Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro (Brasil) - O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva,reafirmou hoje (24) que a perspectiva de novos investimentos e a desoneração deimpostos são pontos positivos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC),ainda que na sua avaliação pudesse ser maior. “Que (o PAC) sinalizasse umareforma tributária e fiscal mais profunda, mas diminuir impostos todos nósestamos a favor, e, portanto, não podemos criticar isso”, afirmou em entrevistaao programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional.O dirigente sindical também elogiou a inclusão da correçãoda tabela do imposto de renda e o reajuste do salário mínimo no PAC. “(ogoverno) Cumpriu o que tinha combinado com a gente. Então também estamos deacordo”, afirmou.A crítica ao PAC continua sendo em relação à aplicação derecursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) em obras deinfra-estrutura. Paulo Pereira reafirmou que não concorda com a medida porentender que o risco permanece com o trabalhador. “Este modelo do governo ir lá e pegar R$ 5 bilhões abre umprincípio muito ruim para o fundo, porque hoje só tem dois lugares com dinheirono Brasil, Fundo de Garantia e o FAT (Fundo de Ampara ao Trabalhador), quegoverno já está fazendo uma confusão total e vai acabar com o dinheiro do FATlogo. O Fundo de Garantia funciona direitinho porque é cuidado portrabalhadores, empresários e governo. Não deixam roubar. Se a gente permitirque agora pegue 5 bilhões (de reais) e daqui a pouco pega mais cinco, acaba odinheiro do fundo”, declarou.Paulo Pereira contestou o argumento do ministro da Fazenda,Guido Mantega, de que em caso de prejuízo o trabalhador não terá perdas. “Naprática não tem nada disso. Acho que eles estão enganando. O superintendente doFGTS explicou que não tem cobertura de risco. Se tiver algum investimento que ogoverno fizer e der errado, quem vai pagar é o Fundo de Garantia. Hoje é oLula, amanhã vem outro e tira mais. A gente pode futuramente não ter mais ofundo”, disse.  Paulo Pereira sugeriu ao governo a adoção de modelosemelhante ao usado na venda de ações da Petrobras e da Vale do Rio Doce, quena sua avaliação deu certo como investimento individual do trabalhador. “Fui umdos primeiros a comprar as ações da Vale e da Petrobrás, e funcionou, está indomuito bem e estou satisfeito”, afirmou.O secretário-geral da CUT, Quintino Severo, também em entrevistaao Notícias da Manhã, reafirmou que teve, inicialmente, uma boaimpressão do pacote, porque foi apresentado ao país uma proposta de perspectivade crescimento sustentável. “Nas últimas décadas é a primeira proposta que nãotem confisco para os trabalhadores”, constatou.O dirigente disse que por ter combatido as grandesprivatizações, a central sempre entendeu que a presença do Estado é fundamentalpara o desenvolvimento do país. Também como o dirigente da Força Sindical, Severo afirmouque a CUT faz uma série de ressalvas com relação à aplicação de recursos doFGTS em obras de infra-estrutura. “Temos que garantir que o Fundo vaicontribuir para a geração de empregos, igual ou superior do que está sendo hoje”,disse. Ele sugeriu a criação de um órgão fiscalizador. “Épreciso ter um conselho para que aqueles que são os verdadeiros donos possaminterferir onde serão feitos os investimentos”, defendeu.