Teto para reajuste fará servidores disputarem recursos, diz Unafisco

23/01/2007 - 17h46

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais daReceita Federal (Unafisco), Carlos André Nogueira, criticou hoje (23) o teto para reajuste da folha de pagamento dos servidores públicos, estabelecido pelo governo no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Segundo ele, a medida estimula a disputa por recursos entre as categorias e traz novos obstáculos para negociações conjuntas de reajuste.O Programa de Aceleração do Crescimento limita, pelos próximos 10 anos, o crescimentoanual da folha de pagamento à inflação medida pelo Índice de Preços aoConsumidor Amplo (IPCA, que mede a inflação oficial) do ano anterior,associada a mais 1,5% de reajuste real. A nova fórmula de cálculo vale para o total dafolha de pagamento dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.“Ao invés de você tratar o Estado doponto de vista da recuperação do servidor público para que o Estadoatenda melhor a sociedade, você implanta uma lógica de competição entreas carreiras que é uma lógica muito mais de qual a categoria que é maisorganizada e tem maiores condições de fazer pressão para conseguir recursos”, disse o presidente da Unafisco.De acordo com o sindicato, a meta do governo é chegar em 2010 com um reajuste anual da folha equivalente a 4,7% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2002, esse índice estava em 5,4%. Caiu para 4,9% em 2003 e, em 2005, voltou ao patamar de 5,2%. A previsão para este ano é de que o crescimento na folha dos servidores fique em 5,3% do PIB.“Em 1995, o percentual do gasto depessoal versus a receita corrente líquida do governo, ou seja, quantoos servidores pesam em relação ao que o governo arrecada, era de 56,2%. Em 2004, esse percentual caiu para 30,01%”, afirma, com base em números do Ministério do Planejamento, o presidente do Unafisco. O teto para a folha de pagamentos também foi criticado pela Confederação dosTrabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef). Para o secretário-geral da confederação, Josemilton Costa, o programa fere os compromissos que o governo assumiu com aCondsef.

Ele espera a reabertura da discussão com as centraissindicais para que o servidor público não “pague o preço docrescimento”. “Todos nós defendemos que o país cresça, mas não podemos,nós servidores, ser o bode expiatório desse crescimento”, afirmou Costa.“Nós recebemos o anúncio com uma certa preocupação e uma certaindignação porque o governo sinalizou vários compromissos com aConfederação, compromissos de greve, que vão da discussão de planos decarreira a  reestruturação de tabelas, e da forma que está a redação, ogoverno limita isso.”Na opinião do presidente da Força Sindical, Paulinho Pereira, "a proposta é muito aquém do que se esperava".  "O setor público vem defasado há muito tempo, vem arrochado não só pelo governo Lula como pelos outros governos”, disse Pereira.