Associação quer projeto de Angra 3 incluído no Programa de Aceleração do Crescimento

23/01/2007 - 18h55

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben) confia na inclusãodo projeto de construção da usina de Angra 3 no Programa de Aceleraçãodo Crescimento (PAC), anunciado ontem (22) pelo governo federal. Aafirmação é do diretor da  entidade, Edson Kuramoto, queacrescentou: “A gente notou que o PAC não é excludente”. Kuramoto destacou a declaração da ministra Dilma Roussef, da Casa Civil, de queos projetos estratégicos para o país seriam mantidos. Ele lembrou que aanálise do empreendimento está na agenda da próxima reunião do ConselhoNacional de Política Energética, prevista para o dia 30, em Brasília. Econsta do plano decenal da Empresa de Pesquisa Energética (EPE),adotado pelo Ministério de Minas e Energia para o planejamento do setoraté 2015. A energia nuclear participa com3% da matriz energética brasileira, em termos de geração de energia. A entrada em operação de Angra 3, segundo Kuramoto, permitirá elevar esse percental para 5% no final de 2012, "se a construção for iniciada em 2007, o mais tardar em junho". A obra, acrescentou, já está atrasada em relação ao plano decenal. No plano da EPEconstam mais 4 mil megawatts (MW) de energia gerada por usinas nucleares, que entrariam em operação até 2030, aí incluída Angra 3. O ex-diretor da Aben ressaltou que as novas usinas hidrelétricas, devido à restrição da legislação ambiental, têm pouca capacidade de reserva de água. "Hoje o sistema necessita da complementação térmica", disse. Kuramoto lembrou que o país tem a sexta maior reserva de urânio do mundo, com apenas25% do território nacional prospectados, e a perspectiva é de atingir a segunda posição. "A reserva contabilizada de urânio atinge hoje 309 miltoneladas e pode chegar a cerca de 800mil toneladas, com a prospecção de todo o território. Isso daria para gerarenergia por mais 500 anos", garantiu.E ainda destacou que o Brasil já a tecnologia do ciclo do combustívelnuclear. "Então, não tem como abrir mão: se não tiver usinas nucleares, o país terá que importar uma quantidade de gás muito grande para suprir as usinas térmicas e, com certeza, isso impactará novalor da tarifa”, alertou. A retomada do projeto de Angra 3 demandará investimentosde R$ 7 bilhões, que se somarão aos U$ 700 milhões já aplicados na compra deequipamentos. "A cada ano que se adia a obra, a Eletronuclear despende em torno de U$ 20 milhões para manter esses equipamentos em perfeito estado, além da manutenção doscontratos. Essa indecisão acaba impactando no valor futuro da usina.Isso é dinheiro jogado fora”,observou.