Chávez recebe medalha e prega integração entre os povos como caminho para a libertação

19/01/2007 - 23h42

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Em um discurso que durou duas horas e dez minutos, na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, conclamou os povos da América do Sul a unirem suas forças contra o capitalismo e o imperialismo. Somente através dessa integração dos países latinos, disse, o continente poderá vencer a ameaça representada pelos Estados Unidos. Ele ressaltou o papel de predominância que deverá ser exercido pelo Brasil, cujo “mapa abriga seis ou sete Venezuelas e 12 vezes o Equador”. Observou, no entanto, não pretender que sejamos iguais: "O povo do Brasil tem um papel fundamental a jogar nessa batalha, marchando com passos firmes a cada dia, para construir a integração sul-americana”. Com isso, segundo Chávez, poderá ser alcançado o sonho do mártir da Inconfidência Mineira, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, de ter uma pátria livre.“O Brasil, por seu peso populacional, geográfico, político, econômico, está destinado a frear o processo de mudança na América Latina ou acelerá-lo rumo à libertação de nossos povos. O Brasil  deve ter essa consciência e lembrar que graças à posição firme de Lula, derrotamos a Alca [Área de Livre Comércio das Américas]”, apontou. Com a eleição de  Rafael Correa, no Equador, e Evo Morales, na Bolívia, Chávez garantiu que “estamos derrotando o imperialismo”. No Brasil, indicou que esse imperialismo era representado pelas elites e por oligarquias do setor das comunicações.Segundo Chávez, a construção do projeto de liberdade para as novas gerações depende dos jovens, dos presidentes dos países e de seus parlamentos, mas depende, mais do que tudo, dos povos da região. “Um fator que não se pode afastar, que é imprescindível, são os povos. Quando as populações  tiverem consciência de que somos uma mesma nação, de que os hinos são os mesmos, bem como os sonhos e a honra, surge a força. Quando um povo toma consciência, não há império que o detenha”, disse. Na avaliação do presidente venezuelano, o mundo caminha para uma crise energética que explica, em grande parte, o domínio imperialista. “Os Estados Unidos têm apenas 5% da população mundial e consomem mais de 20% da energia do planeta, enquanto o Brasil não consome 2% ou 3%”. Ele reiterou  que os americanos, por terem esgotado suas reservas de petróleo devido ao alto consumo, querem dominar as reservas dos demais países. E destacou a importância de Brasil e Venezuela construírem o Gasoduto do Sul que permitirá aos países da América do Sul desfrutarem de reservas que garantirão aos países da região "150 anos de petróleo e gás".Chávez disse que os Estados Unidos querem que Lula e ele briguem. Mas assegurou que “nós nunca brigaremos. Somos irmãos. Tenho respeito por Lula. Lula eu estaremos sempre unidos, com pensamentos distintos e velocidades distintas”.E concluiu com a conclamação: “Até a vitória, sempre! Pátria, socialismo, avante! Venceremos!”.Aplaudido de pé pelas cerca de 800 pessoas que lotavam o plenário e as galerias da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, Chávez recebeu por iniciativa do líder do PDT, deputado Paulo Ramos, a Medalha Tiradentes, mais alta comenda do estado. Representantes de movimentos políticos, estudantis e sindicais levaram faixas e cartazes que defendiam a nacionalização da riqueza do sub-solo. E gritavam “Chávez amigo, o Brasil está contigo”,  “Alerta, alerta, que caminha a espada de Bolívar na América Latina” e “Se cuida, se cuida, se cuida imperialista, a América Latina está virando socialista”. Da Assembléia Legislativa, o presidente boliviano seguiu para um jantar na residência do arquiteto Oscar Niemeyer, em Ipanema, zona Sul da cidade.