Spensy Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Ao mesmo tempo em que defenderá a continuidade dos trabalhos daMissão das Nações Unidas pela Estabilização do Haiti, o Brasil tambémvai sugerir no Conselho de Segurança da ONU que ocorra uma atualizaçãoda lista de prioridades no trabalho dasforças de paz. Segundo informações do Ministériodas Relações Exteriores, a reforma dapolícia e do Judiciário haitianos, além do desarmamento da população emedidas ligadas ao desenvolvimento econômico e a recuperação dacapacidade de governança, têm que ser priorizados agora, já que o paístem um quadro democrático minimamente estabilizado, após a realizaçãode três eleições no ano passado.No caso da polícia haitiana, o plano, já em operação desde agosto doano passado, é treinar e agregar 1.500 policiais por ano ao atualefetivo, chegando a 14 mil policiais em 2011 – atualmente, segundo oItamaraty, o Haiti tem cerca de 5 mil policiais, para uma população de8,5 milhões de habitantes. Outros 1,7 mil policiais das Nações Unidas,enviados por cerca de 35 países, trabalham atualmente no país -juntamente com os 6,7 mil soldados da Minustah.Em seu mais recente relatório sobre a situação haitiana, em dezembro, oex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan, sugeriu que a retirada dastropas da Minustah aconteça proporcionalmente ao aumento do número depoliciais haitianos. “È vital evitar mudanças prematuras naconfiguração da missão”, diz o relatório. “Será necessário um processoa longo prazo para desenvolver uma capacidade de total segurança para oHaiti.”O Itamaraty considera, ainda, essencial que os países doadores derecursos para o Haiti cumpram as promessas de repasse de recursos quefizeram recentemente, em diversas reuniões internacionais. São cerca deUS$ 750 milhões em doações prometidas, mas ainda não efetivadas, parafinanciar as contas públicas haitianas em 2007 e viabilizar novosinvestimentos.O problema atual é conquistar a confiança dos países ricos, provar-lhesque o quadro institucional haitiano já é suficientemente estável paraque o dinheiro não seja desviado por corruptos, por exemplo. Segundo oItamaraty, 65% do orçamento público haitiano é formado por doaçõesinternacionais.O desarmamento da população haitiana, outro objetivo da Minustah,também está atrasado. Segundo o texto de Annan, até dezembro, só104 pessoas tinham formalmente entregado as armas. O documento relata:o número de crimes como seqüestros diminuiu no Haiti com a presença damissão da ONU, mas as manifestações violentas contra as forças de paztêm aumentado.