Metroviários, arquitetos e engenheiros querem investigar acidente em São Paulo

19/01/2007 - 18h07

Renato Brandão e Marli Moreira
Repórteres da Agência Brasil
São Paulo - Uma comissão formada pelos metroviários de São Paulo e dirigentes deentidades de classe ligados aos arquitetos e engenheiros encaminhousolicitação ao governador José Serra, para que possaacompanhar os trabalhos de investigação do desmoronamento das obras daLinha 4 do Metrô de São Paulo. O acidente ocorreu no último dia 12, emPinheiros, zona Oeste da cidade.Em nota, o Sindicato dos Metroviários justificou o pedido com o argumento de que os profissionais dessas entidades são de alta qualificação técnica,o que daria maior credibilidade ao laudo que será expedido peloInstituto de Pesquisa Tecnológica (IPT), vinculado à SecretariaEstadual de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico. “Esseprocedimento se faz necessário para que não paire sobre o laudo a serelaborado pelo competente Instituto de Pesquisa Tecnológica-IPT,nenhuma suspeição”.Em reunião realizada ontem (18) pelo grupo, o presidente do sindicato, Flávio Godói, defendeu que a apuração das causas do acidente e deeventuais responsabilidades não deve ficar restrita ao IPT e aoInstituto de Criminalística. Ele ressalvou que "não se questiona a competência e a idoneidade" dos institutos e disse que outras entidades teriamcondições de contribuir nas investigações do acidente. Amesma opinião foi manifestada por Emiliano Stanislau Affonso,vice-presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos do Metrô deSão Paulo (Aeamesp), para quem a falta de fiscalização da companhia doMetrô sobre os trabalhos executados pelas cinco empreiteiras que formamo Consórcio Via Amarela, responsável pelas obras, pode ter contribuídopara a tragédia em que foram confirmadas seis mortes, além dainterdição de várias casas. ”Toda obra precisa de acompanhamento técnico,que é feito por especialistas. Este acompanhamento não tinhaparticipação de funcionários do Metrô”, afirmou. A estatal contestou a acusação em nota, ressaltando que essas observações fogem à competência de seus autores: ”Reiteramos que o Sindicato dos Metroviários não é órgão competentepara emitir opiniões técnicas sobre métodos construtivos”.Opresidente do Sindicato dos Metroviários defendeu ainda a imediataparalisação das obras da Linha 4 e a revisão dos contratos comas empreiteiras. “Fizemos um pedido ao secretário dos TransportesMetropolitanos [José Luiz Portella] para a paralisação das obrasimediatamente”, revelou. De acordo com a companhia do Metrô, hoje existem 27frentes de trabalho nos 12,8 quilômetros de extensão da Linha4, que vai ligar a Estação da Luz, na região central, à Vila Sônia, nazona oeste. A expectativa inicial era de que o trecho seria entregue à populaçãoem dezembro de 2008, mas ainda não foi informada a alteração do prazo.