Thaís Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O debate sobre as conseqüências de uma política externa e um modelo econômico mais ou menos vinculados aos Estados Unidos acirrou os ânimos na Reunião de Cúpula do Mercosul, que terminou hoje (19), no Rio de Janeiro.O presidente da Bolívia, Evo Morales, disse que “países que vivem com dignidade, com soberania, que são antiimperialistas e antineoliberais crescem economicamente na América Latina”. Citou como exemplo Cuba, que teve o maior crescimento do continente no ano passado: 12,5%. E como antiexemplo, a Colômbia.“A Colômbia, onde os Estados Unidos, sob pretexto da luta contra o narcotráfico, tem investido milhões e milhões de dólares, tem déficit comercial”.O presidente colombiano, Álvaro Uribe, reagiu. “Temos feito uma reestruturação com sentido social. Os indicadores sociais de nosso país melhoraram muito”. Destacou, ainda, que o país recebia apenas 530 mil turistas por ano por causa do terrorismo e hoje recebe 1,1 milhão.Uribe disse que a integração da América Latina deve respeitar sua diversidade. “Não podemos nos unir em um modelo único”.O colombiano reconheceu que, apesar do superávit com países vizinhos, seu país tem um “enorme déficit” com outros parceiros. Mas garantiu que isso não será obstáculo para a integração de seu país com o Mercosul. Segundo ele, a dívida colombiana já baixou para 32% do Produto Interno Bruto (PIB), contra 54% de quatro anos atrás.Após o discurso, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, pediu a palavra e classificou como "superdimensionada" a resposta de Uribe. Os dois ficaram de conversar a respeito depois da reunião.A Colômbia, a exemplo do Chile e do Peru, investiu nas relações comerciais com os Estados Unidos quando o processo de criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) foi interrompido. O Chile já assinou seu tratado de livre comércio (TLC) e os outros países ainda aguardam aprovação.Segundo a Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), Cuba teve no ano passado um crescimento de 12,5%, maior ainda que o do anterior (11,8%), estimulado principalmente pela ampliação das relações comerciais com China e Venezuela e o aumento da exportação de serviços profissionais, especialmente de saúde.A comissão estima que a Colômbia cresceu cerca de 6% em 2006, superando os 4% pelo terceiro ano consecutivo. E a Bolívia, 4,5%. Para a região toda da América Latina e Caribe, o crescimento previsto é 5,3% em 2006. E do Brasil, 2,8%.