Fórum Econômico encomenda pesquisa para embasar discussões sobre política

19/01/2007 - 5h26

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A população mundial está perdendo confiança nas lideranças políticas, segundo uma pesquisa de opinião encomendada pelo Fórum Econômico Mundial ao instituto suíço Gallup. Batizada de Voz do Povo, a pesquisa entrevistou 55 mil pessoas em 60 países entre novembro e dezembro de 2006. Divulgado nesta semana, o trabalho foi pedido para embasar as discussões do Fórum Econômico, que será realizado de 24 a 28 deste mês em Davos, na Suíça, e tem como tema central Mudanças na Equação do Poder. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve participar do encontro.De acordo com o estudo, os políticos estão com a credibilidade mais afetada que os empresários. Mais de 40% das pessoas associam a imagem dos políticos à desonestidade, enquanto 34% vêem falta de honestidade do empresariado. Os africanos foram os mais críticos com seus dirigentes. Oito em cada dez moradores do continente consideram seus políticos desonestos. Nas Américas, 56% das pessoas alegam que os políticos são desonestos. O índice é maior entre os latino-americanos: 90% na Bolívia, 89% no Peru, 89% no Equador e 80% na Venezuela. Até mesmo os norte-americanos estão céticos quanto a seus dirigentes. Metade deles não acredita na honestidade dos políticos.A pesquisa mostra ainda pessimismo da população com relação à segurança e prosperidade econômica. Quase metade dos entrevistados acredita que as futuras gerações viverão num mundo menos seguro. No ano passado, o índice era de 45% e, em 2004, de 30%. O maior pessimismo está no leste europeu, onde 68% da população prevêem piora nas condições de segurança do planeta. Em segundo lugar vem as Américas, com 59% de pessimistas.Quando o assunto é economia, povos dos quatro cantos do planeta também não demonstram grande otimismo. Um total de 35% das pessoas acredita que a próxima geração viverá num mundo menos próspero – pouco menos que em 2005, quando o índice de pessimistas foi de 36%. Para 23% das pessoas, a situação continuará a mesma, enquanto 34% acreditam na melhora das condições econômicas.As guerras são o que mais preocupa povos do mundo todo. Em anos anteriores, as prioridades eram a promoção do crescimento econômico e a redução da distância entre ricos e pobres. A pesquisa não aponta consenso mundial quanto ao foco dos governantes em 2007. Diversos temas aparecem como prioridade. A redução das guerras foi mencionada como essencial para 15% dos entrevistados. Em segundo lugar vem a eliminação da pobreza, fundamental para 13% da população.  No ranking de temas que devem dominar a agenda política de 2007 aparecem empatados, com 12%, a promoção do crescimento econômico e o combate ao terrorismo. A preocupação com o terrorismo é maior em determinadas regiões: atinge mais da metade da população do Iraque (52%), e um quarto das populações do Oriente Médio (25%) e dos Estados Unidos (23%).Outros assuntos que dividem a atenção da população mundial são a redução do abismo entre ricos e pobres (11%), a recuperação da credibilidade dos políticos, a proteção do meio ambiente (10%), combate às drogas (4%), direitos humanos (4%), combate à aids (3%), combate ao crime organizado (2%) e igualdade de gênero (1%).