Experiência da Cruz Vermelha mostra dimensão do desafio das forças de paz no Haiti

19/01/2007 - 8h59

Spensy Pimentel e Wellton Máximo
Repórteres da Agência Brasil*
Brasília - A garantia do respeito aos direitos humanos e o combate àviolência são encarados como prioridades na próxima fase dos trabalhosda Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah).Um balanço das ações da Cruz Vermelha no país caribenho ajuda adimensionar o desafio que a missão de paz enfrenta nessas áreas.Segundo o documento, repassado à Agência Brasil pelo porta-voz daentidade no Brasil, João Paulo Charleaux, a Cruz Vermelha contaatualmente com 60 colaboradores no Haiti, sendo 12 internacionais, eexerce atividades que vão além do socorro médico. O orçamento daentidade no Haiti é de US$ 5 milhões este ano.A Cruz Vermelha se dedica a monitorar o respeito aos direitos humanosno país, principalmente nos presídios, e trabalha também nareconstrução do sistema de distribuição de água potável e esgoto.O contexto social é violento, segundo o relato de Charleaux: inclui umcotidiano de pobreza extrema, carência de água potável, violênciaarmada constante, com raptos e seqüestros “se sucedendo comfreqüência”, além de acesso precário aos serviços médicos.Segundo Charleaux, a Cruz Vermelha tem auxiliado no treinamento dossoldados da Minustah, dando noções de respeito aos direitos humanos.“Trata-se de um trabalho preventivo, portanto. No Brasil, esse trabalhoé feito com os militares antes mesmo do embarque dos contingentes, comorientações sobre o respeito às missões médicas”, observa. Outra atividade desenvolvida no Haiti pela Cruz Vermelha são as visitassurpresa a detentos para avaliar as condições de saúde e distribuirartigos de higiene. A organização mantém conversas privadas com ospresos e pode repetir a visita quantas vezes for necessário. O quadro nos presídios haitianos, segundo Charleaux, envolvesuperlotação e disseminação de doenças. No Presídio Nacional, eratamanha a carência que a Cruz Vermelha se encarregou da reforma dosistema de fornecimento de água e de esgoto.Somente entre abril e junho do ano passado, foram 35 visitas a 20locais de detenção. Nesse período, de acordo com a organização, foramentregues nas cadeias milhares de kits contendo material de higiene,com sabão, creme dental e escovas de dentes. Os detentos tambémreceberam produtos desinfetantes, vitaminas, medicamentos, além debolas de futebol e basquete, jogos de cartas e dominó. Em uma das principais zonas de conflito de grupos armados com aMinustah, o bairro de Cité Soleil, a Cruz Vermelha atua no socorro aferidos. A organização mantém um posto nesse que é um dos maiores, maispobres e mais violentos bairros da capital. Ali, são fornecidosprimeiros-socorros a feridos e doentes. Também em Cité Soleil, a entidade financia ainda programas de coleta edestinação de lixo sólido doméstico. A organização firmou ainda váriosconvênios com parceiros locais, o que permitiu que 31 das 53 fontes deágua do bairro voltassem a funcionar, com um aumento no fornecimento deágua potável para a população de 60%, segundo Charleaux.*Colaborou Roberta Lopes