Cooperação com Haiti vai da agricultura a coleta de lixo e recuperação ambiental

19/01/2007 - 7h53

Spensy Pimentel e Wellton Máximo
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Além do envio de soldados para conter a violência, a Missão dasNações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) tem desenvolvidoprojetos para ajudar a população do país. Com foco na agricultura, narecuperação ambiental, na saúde e na inclusão social, os programasfornecem alternativas de geração de renda e desenvolvimento, comodemonstra balanço fornecido à Agência Brasil pela Agência Brasileira deCooperação (ABC).Apenas nesses projetos de cooperação, o Brasil já investiu cerca de US$1,3 milhão. O dinheiro representa pouco em relação aos gastos daMinustah como um todo (cerca de US$ 500 milhões por ano), mas, ao mesmotempo, os países ricos que já prometeram doações ao Haiti têm condiçõesde fazer muito mais pelo país: segundo o Itamaraty, há cerca de US$ 750milhões em doações internacionais prometidas, só este ano, e ainda nãoefetivadas.Em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária(Embrapa), a ABC mantém projeto para desenvolver as técnicas de cultivodo caju e da mandioca no país. Os projetos prevêem a transferência detecnologia e a capacitação de produtores haitianos para introduzirnovas técnicas de manejo e aumentar a produtividade das duas culturas.Para ajudar o gerenciamento dos recursos hídricos, a Embrapa também fezo mapeamento do país por satélite.O Brasil desenvolve ainda projeto piloto para a construção de cisternaspara fornecer água utilizada na produção de hortaliças. Na ConferênciaInternacional para o Desenvolvimento Econômico e Social do Haiti,realizada em novembro em Madri (Espanha), o governo da Argentina aderiuao projeto. Também nesse evento, o Brasil e a Espanha assinaram acordopara recuperar a cobertura vegetal da Bacia do Mapou, um dos principaisrios haitianos.O esporte também é usado como instrumento para a redução da violência.Em conjunto com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), oMinistério do Esporte brasileiro promove, no Haiti, os programasSegundo Tempo e Pintando a Cidadania. Além da prática de esportesdurante a atividade escolar, o projeto também foi responsável pelainstalação de uma fábrica de bolas onde 200 pessoas que cumprem penasalternativas trabalham e são remuneradas.Outra frente de atuação está no combate à violência contra a mulher. ASecretaria Especial de Políticas Públicas para Mulheres e o Ministérioda Saúde do Brasil contribuem para a elaboração de um programa nacionalde prevenção contra a violência de gênero no Haiti e a introdução de umsistema de atendimento às vítimas. O projeto conta com o auxílio doFundo das Nações Unidas para a População.Para melhorar a previsão e a análise de riscos de desastres no país,constantemente atingido por furacões, a Secretaria Nacional de DefesaCivil, do Ministério da Integração Nacional, promoveu a capacitação detécnicos haitianos.Com apoio do Banco Mundial, o Brasil atua em mais dois projetos. Um dosprogramas trata da elaboração de um projeto de gestão do lixo em PortoPríncipe, capital do Haiti. Com investimentos de US$ 125 mil, oprograma prevê ainda a melhoria dos serviços de coleta e o fornecimentode equipamentos e consultores. A outra ação diz respeito aofortalecimento do sistema de merenda escolar e de restaurantesuniversitários.Também em conjunto com o Banco Mundial, o governo brasileiro formamão-de-obra intensiva para a limpeza das ruas em Carrefour Feuilles, umdos bairros mais violentos da capital haitiana. Financiado com US$ 550mil do Fundo Ibas, formado por contribuições do Brasil, da Índia e daÁfrica do Sul, o projeto, premiado pela ONU em dezembro como exemplo decooperação entre países do hemisfério Sul, tem como objetivo promover apaz por meio da formação de frentes de trabalho.A parceria com o Banco Mundial também é considerada inédita, porque ainstituição não costumava financiar projetos de cooperação. Na área de capacitação profissional, o governo brasileiro desenvolveainda a montagem de um centro de formação em parceria com o ServiçoNacional de Aprendizagem Industrial (Senai). O centro está sendoconstruído em Jacmel, no sudeste do país.Em 2006, o Brasil também contribuiu com cerca de US$ 2 milhões para a montagem da infra-estrutura necessária à realização de eleições no Haiti. Na mais importante delas, em fevereiro, foi eleito o novo presidente do país, René Préval.