Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O subprocurador-geral da República Aurélio Veiga Rios comparou hoje (11) o faturamento das empresas que obtêm concessão de rodovias com o dos narcotraficantes. Em seguida, ponderou que quis apenas chamar a atenção para os “lucros exorbitantes” do setor. Mas provocou reação assim mesmo: foi desmentido e criticado.Durante reunião do grupo de trabalho de infra-estrutura do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), o subprocurador declarou: “Ao que parece, estudo feito pelo TCU [Tribunal de Contas da União] mostra que [a margem de lucro das concessionárias] só tem comparação com o tráfico internacional de drogas. Dá lucro ser concessionário por 20 anos de um trecho de uma estrada já feita, já pavimentada, que não requer investimento inicial”.Ao final da reunião, Rios foi questionado sobre a comparação e desconversou. Disse que não queria se aprofundar para “não entrar em guerra com as concessionárias” e que só teve a intenção de “chamar a atenção em relação a todos os setores que trabalham com lucros exorbitantes”.O secretário-geral de controle externo do TCU, Jorge Pereira de Macedo, afirmou que o tribunal nunca estabeleceu tal relação em suas análises: “Existem no TCU vários estudos sobre rentabilidade [das concessionárias], mas nenhum faz esse tipo de comparação. Desde 1999 essa questão é analisada”. Leia ao lado reportagens recentes sobre relatórios do TCU a respeito da malha rodoviária.O presidente da Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, criticou a comparação. “Imagina [se tem nexo] comparar que concessão de rodovias e pedágios tenha a mesma rentabilidade do tráfico de drogas. É desconhecer completamente a realidade que está sendo idealizada para o país”.O subprocurador defendeu “mais transparência” no processo de concessão de rodovias. “Temos um problema que precisa ser enfrentado com coragem, que é como redifinir ou rediscutir os contratos de concessão”. Segundo ele, as tarifas de pedágio “oneram o país, são excessivas”.Ontem, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, disse que o governo está reavaliando como serão feitas as próximas concessões de rodovias federais à iniciativa privada, mas negou que possam ser canceladas. Estão em processo de conclusão os editais de licitação para sete lotes de estradas, entre elas a Fernão Dias (São Paulo-Belo Horizonte) e a Régis Bittencourt (São Paulo-Curitiba).Em 5 de dezembro, o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, disse que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) concluiria os editais antes do fim do ano passado.