Guarani-Kaiowá protestam em rodovia do Mato Grosso do Sul por enterro de índia assassinada

11/01/2007 - 18h03

Grazielle Machado
Da Agência Brasil
Brasília - Índios guarani-kaiowá da comunidade Taquaperi fizeram um protesto hoje na rodovia MS-389, queliga os municípios de Amambaí e Coronel Sapucaia, no sudoeste do Mato Grosso do Sul. Eles reivindicam odireito de enterrar a índia Zulita Lopes, de 70 anos,na terra onde ela foi morta, no interior da fazenda Madama.O assassinato de Zulita, também conhecida como Kurutê, ocorreu na última segunda-feira (8). Um grupo armado obrigou os índios a desocupar a fazenda, onde 50 famílias haviam entrado no sábado (6). Um outro índio foi ferido com três tiros na perna. A terra da fazenda Madama é denominada pelos índios de tekoha (terra tradicional) Kurusu Amba. A kaiowá Valdelice Veron, uma das organizadoras do protesto e integranteda Comissão de Direitos Indígenas do Mato Grosso do Sul, disse, por telefone, à Agência Brasil,  que, mesmocom medo de que haja mais um confronto armado durante o enterro, osíndios não abrem mão do ritual. “Nós vamos fazer o enterro na fazenda,com ou sem autorização da Justiça. Estamos esperando pela Justiça, masvamos fazer o enterro”, disse. Valdelice é filha de um outro kaiowá morto, o líder Marcos Verón, assassinado em 2003 por seguranças de uma fazenda em Juti (MS). Ela afirma que mais de 2.600índios já estão no local do protesto e responsabiliza os fazendeiros da região pelo assassinato.  “Os mandantes foram osadministradores da fazenda. Porque eles queriam expulsar os índios.”Para realizar o enterro, os índios ainda aguardam pela autorização da Justiça, solicitada peloMinistério Público Federal (MPF) de Dourados.