Associação diz que adiamento de concessão de rodovias foi grande retrocesso

11/01/2007 - 16h56

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O assessor técnico da Associação Nacional do Transporte deCargas e Logística (NTC&Logística), Neuto Gonçalves dos Reis, disse hoje(11) que a decisão da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, de adiar aconcessão de rodovias federais à iniciativa privada foi “um grande retrocesso”.“Estamos esperando que essas estradas sejam colocadas emordem desde 1999. E isso é importante porque afinal elas ligam duas regiõesmuito importantes do país, ligam o país com o Mercosul e por elas passa umgrande volume de tráfego”, disse Reis, em entrevista à Agência Brasil.Ontem (10), a ministra Dilma Rousseff disse que asconcessões não serão canceladas, mas foram adiadas para que o governo avalie umnovo modelo. Sete lotes de rodovias federais, entre elas a Fernão Dias (SãoPaulo-Belo Horizonte) e a Régis Bittencourt (São Paulo-Curitiba), passariam aser operadas pela iniciativa privada, com cobrança de pedágio.O anúncio do adiamento, segundo Reis, provoca um “lamentávelatraso”. “É mais um atraso nessas obras, além de evidentemente afastar o capitalestrangeiro (argentino e europeu), que estava interessado nas licitações, e opróprio capital nacional”, afirmou.O assessor técnico também criticou a idéia do governo emcriar uma estatal para administrar diretamente a cobrança dos pedágios nessasrodovias. “É infeliz essa idéia da criação dessa estatal para gerir os pedágios– ‘pedagiobrás’ ou ‘buracobrás’ - porque o governo é sabidamente um mau gestor.O que o governo gerencia acaba custando muito caro. Além disso, essas estradasdemandam investimentos que o governo não tem como fazer”, destacou.De acordo Neuto Gonçalves, a cobrança de pedágio pelogoverno não garantiria a conservação das estradas, porque os pedágios estariam“sujeitos a pressões políticas, de maneira que ele não aumentaria onecessário”. Ele citou como exemplo a Via Dutra, que há dez anos eraadministrada pelo governo, com pedágio barato, mas num “estado lamentável”. “Aíveio a concessão e a Dutra é hoje uma das melhores rodovias do país”, disse.Neuto Gonçalves informou que um levantamento feito pelaConfederação Nacional do Transporte (CNT) apontou que as estradas federaissofrem atualmente de problemas de pavimentação e de sinalização deficiente.“Mas o maior problema é o do projeto geométrico, do traçado, que é acanhado,com curvas fechadas e muitos aclives e declives”, disse. Ele acredita que o investimento de R$ 20 bilhões seriamsuficientes para “colocar as rodovias existentes em ordem”, embora também sejanecessário “criar novas rodovias”.Para ele, a melhor solução para as rodovias federais seriammesmo as concessões, a tarifas razoáveis. “Ou essa concessão, pura e simples,ou o modelo de parceria público-privada, com a gestão na mão dos empresários”,defendeu.