Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As eleições presidenciais na França, neste ano, e nosEstados Unidos, no ano que vem, devem prorrogar a paralisia na atual rodada denegociações da Organização Mundial do Comércio, a chamada Rodada Doha. Aavaliação é de Ricardo Seitenfus, professor de Relações Internacionais da Universidadede Santa Maria.“A livre concorrência na área agrícola é um termo semsentido e é isso que os países do G20 pretendem fazer com que mude a partir deum calendário mais largo. Mas, em razão das eleições nos Estados Unidos e daseleições francesas, provavelmente não avançaremos nenhum centímetro nessecaminho em 2007”, afirmou em entrevista à Rádio Nacional.A abertura do mercado para produtos agrícolas e a eliminaçãodos subsídios concedidos por governo dos países desenvolvidos a seus agricultoressão as questões-chave da Rodada Doha, lançada em 2001 com o objetivo de ser arodada do desenvolvimento. No entanto, os países desenvolvidos – especialmenteEstados Unidos, União Européia e Japão- condicionam qualquer flexibilização àabertura dos setores de serviços e manufaturados por parte das nações emdesenvolvimento.“Se economicamente estes setores são importantes, no setoragropecuário a importância se dá também eleitoralmente”, destaca o professor.”Aforça de pressão que os meios rurais, de produção agrícola, têm nos EstadosUnidos e na Europa é extraordinária e todos os políticos destes países se dãoconta de que eles não podem avançar muito sem contentar essa base campesina.Por isso, muito dificilmente chegaremos a bom termo com essa negociação aolongo desse ano de 2007”, avalia.Seitenfus defende a posição do Brasil e do G20 – grupo depaíses em desenvolvimento liderado por Brasil e Índia – na priorização dasquestões ligadas ao mercado agrícola. “O Brasil e o G20 têm motivos de sobrapara introduzir, finalmente, após quase 50 anos de rodadas, uma atençãosustentada para a questão de interesse dos países em desenvolvimento. Até opresente momento estas questões passaram ao largo da liberalização comercial, eisso é inaceitável”, destaca.Para ele, “a rodada multilateral deve ser uma avenida comduas mãos, que beneficie a todos os países, sejam eles quais forem e tendo onível de desenvolvimento que tiverem”.