Menor demanda de usinas térmicas garantirá gás para outros segmentos, diz Tolmasquim

30/12/2006 - 17h31

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A confortável situação hidrológica que o país vive atualmente, emtermos de oferta de energia proveniente das usinas hidrelétricas,ajudará o Brasil a transpor o período de ajuste que deve ocorrer nospróximos dois anos no mercado, no que diz respeito à proximidade entrea oferta e a demanda de gás natural. A afirmação foi feita pelopresidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), MaurícioTolmasquim, em entrevista à Agência Brasil.Responsável pelo planejamento energético do país, Tolmasquim considera boa a situação do país, apesar de reconhecer que deverá ocorrer um certo “encurtamento” entre a demanda e a oferta disponível de gás natural para o mercado brasileiro nos próximos dois anos. "Existirá uma situação justa [de ajuste] entre a oferta e a demanda de gás natural no Brasil no período 2007-2008. Vamos ter problemas neste período de transição. Mesmo assim, não será nada desesperador, para ficar alarmado”, afirmou.Ele explicou que sua segurança quanto à garantia de fornecimento de gás decorre da situação “muito boa” vivida pelo país, do ponto de vista da energia proveniente das hidrelétricas existentes. “Temos uma situação hidrológica muito boa. Vem chovendo 30% acima da média de longo prazo [média dos últimos 70 anos]. Então, existe grande probabilidade de que as termoelétricas a gás sejam muito pouco despachadas - neste caso sobrará gás para os demais setores da economia, sem prejuízos ao setor elétrico”, disse. Tolmasquim admitiu que, apesar da tranqüilidade vivida pelo país,devido à situação hidrológica favorável, o gás existente hoje só dariapara atender a 60% da demanda das térmicas movidas a gás natural, casoestas usinas necessitem despachar todo seu potencial.“O gás existente hoje é necessário para atender toda a demanda prevista para o mercado, mais um despacho de até 60% para as térmicas. Isto nos dá uma certa folga, uma vez que os despachos feitos por essas usinas foram, em média, nos últimos anos, de cerca de 30%”, afirmou o presidente da EPE. Ele acredita que, em 2007, a necessidade de despacho [geração de energia elétrica a partir das usinas movidas a gás] será ainda menor do que a média dos últimos anos.“A probabilidade maior para o próximo ano é que o despacho das térmicas fique abaixo dos 30% da capacidade instalada. Então, o gás existente será suficiente para atender a demanda dos diferentes setores da economia e, ainda, o que for necessário em termos de atendimento às termoelétricas”, garantiu. Segundo Tolmasquim, ultrapassado o período de “ajuste” previsto paraos próximos dois anos, a situação do país ficará muito maisconfortável, porque a produção nacional vai aumentar com a entrada emoperação de novos poços produtores de gás nas bacias de Campos (RJ),Espírito Santo e Santos (SP). Será o equivalente a 24 milhões de metroscúbicos por dia - um pouco menos do que se importa hoje da Bolívia."Haverá ainda, até o  início de 2009, mais 20 milhões de metroscúbicos por dia a partir da importação de GNL [Gás Natural Liquefeito]”, acrescentou.Para viabilizar a regaseificação do GNL a ser importado, a Petrobras está desenvolvendo projetos de construção de duas plantas industriais – uma no Rio de Janeiro e outra no Ceará. O gás regaseificado funcionará como uma espécie de seguro. Por ser mais caro do que o gás natural, só será utilizado em caso de necessidade de despacho pleno pelas usinas térmicas.