Região metropolitana de Salvador ganha atlas social digital

27/12/2006 - 21h28

Lourenço Melo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os moradores de áreas nobres de Salvador (BA) ganham até 25 vezes mais que um habitante das regiões mais pobres da área metropolitana da cidade. A diferença é superior à que existe entre as demais unidades da federação de maior e menor renda do país. Esses dados constam do Atlas de Desenvolvimento Humano da Região Metropolitana de Salvador, lançado hoje (27) na capital baiana. Trata-se de um banco de dados digital com 121 indicadores socioeconômicos, mapas e imagens de satélite, realizado com base em informações dos censos de 1991 e 2000, feitos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).A região metroplitana da capital baiana foi dividida em 149 Unidades de Desenvolvimento Humano (UDHs), áreas que agrupam domicílios e habitantes com situação socioeconômica semalhante. O Atlas informa que “os pouco mais de 3 mil quilômetros quadrados da região reúnem contrastes tão díspares quanto a comparação da Europa com a África". E que "a metrópole como um todo apresenta padrão de desenvolvimento humano similar ao da Colômbia, mas há locais com indicadores melhores que os da Noruega, enquanto outros têm uma situação pior que a da África do Sul”.O Atlas foi desenvolvido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), em parceria com a Fundação João Pinheiro e o IBGE, com apoio da Companhia de Desenvolvimento Urbano do estado da Bahia. E informa ainda que a UDH mais rica em Salvador é Itaigara, próxima à orla, onde a renda per capita é de R$ 2.135,54 (em valores do ano de 2000). Esse montante é 2.475% maior que a renda da UDH mais pobre (Fazenda Coutos, também na capital), que fica na parte mais interna da Baía de Todos os Santos e cujos moradores ganham em média R$ 82,94 por mês.A diferença também é observada em relação à renda: os 20% mais pobres de Itaigara ganham R$ 509,46 por mês e os 20% mais ricos, R$ 5.562,73 mensais; já os 20% mais ricos de Fazenda Coutos recebem R$ 223,72 mensais e os mais pobres, R$ 2,94 mensais. A conclusão é a de que um pobre de Fazenda Coutos demoraria mais de 157 anos para acumular o que um rico de Itaigara recebe em um mês. Essa desigualdade de renda se reflete na educação: enquanto em Itaigara 97,67% das crianças com idade entre 7 e 14 anos seguem o ensino fundamental, essa proporção é de 82,7% em Fazenda Coutos e chega a 78,68% na UDH vizinha, Periperi-Nova Constituinte. De acordo com o Atlas, há forte relação entre esses níveis de freqüência e os índices de alfabetização: Itaigara tem o terceiro menor percentual de analfabetos da região metropolitana (0,93%) – atrás somente de Caminhos das Árvores-Iguatemi (0,47%) e Amaralina-Umbaranas (0,70%), ambas em Salvador; e Fazenda Coutos tem 12,95%. A UDH com o pior indicador é a de Barra do Jacuípe/Barra do Pojuca, Guarajuba, Itacimirim, Morro Gordo em Camaçari, com uma taxa de 23,23%.