Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O pacote de desoneração de impostos, que deve ser anunciado ainda nesta semana, trará impactos positivos à economia, mas será insuficiente para que o país cresça em torno de 5% a partir do próximo ano. A avaliação foi feita hoje (19) pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, ao divulgar o relatório Economia Brasileira – Desempenhos e Perspectivas. Segundo Monteiro Neto, mesmo com as medidas de incentivo à economia, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2007 deverá ser de 3,4%. “Essa ainda é uma taxa insatisfatória, pelo menos tendo em vista o que vem ocorrendo no resto do mundo e na América Latina”, comentou o empresário.Para ele, a trajetória de queda dos juros básicos da economia (Selic), aliada à redução de impostos, pode ter reflexos positivos nas contas públicas, mas os efeitos serão sentidos apenas a médio prazo. “A queda da Selic reduzirá o pagamento do serviço da dívida, e o nível de arrecadação se manterá por causa da recuperação dos setores beneficiados pela desoneração”, disse.O presidente da CNI, no entanto, afirmou que o governo precisa tomar medidas mais intensas para estimular a atividade econômica de forma duradoura. “Precisamos encarar a questão fiscal com firmeza, senão o crescimento continuará a ser oscilante e muito aquém do necessário”, ressaltou. De acordo com o relatório apresentado hoje, a média de crescimento do Brasil, nos últimos dez anos, foi de 2,2%. No documento, a CNI prevê expansão de 2,7% no PIB para este ano e de 3,4% para 2007.Monteiro Neto classificou de “preocupante” o fato de o governo ter abandonado o redutor de despesas correntes (gastos do governo exceto o pagamento de juros da dívida pública), previsto na Lei de Diretrizes Orçamentárias. “A ambição do governo agora consiste em controlar o aumento da despesa em vez de reduzi-las”, salientou.No relatório, a CNI informa que o aumento dos gastos do governo se refletirá em redução do superávit primário – economia do governo federal, estados, municípios e estatais para o pagamento da dívida pública, sem contar os gastos com os juros. Pelas projeções da entidade, o superávit primário deve fechar o ano em 4,32% do PIB, contra 4,8% registrados em 2005.Em 2007, segundo a CNI, a economia de recursos do setor público ficará em 4,06% – abaixo da meta de 4,25%, mas ainda dentro do limite de gastos, se for levada em conta a exclusão do cálculo dos R$ 4,6 bilhões (0,21% do PIB) do Projeto Piloto de Investimentos (PPI), que prevê obras de infra-estrutura com recursos não registrados no cálculo do superávit.Monteiro Neto também cobrou medidas que permitam a redução dos spreads bancários (diferença entre a taxa cobrada do consumidor e a taxa básica de juros da economia, Selic), o aumento nos prazos de recolhimento dos tributos e a definição de marcos regulatórios para os investimentos privados. “Somente com o ajuste fiscal e essas ações pontuais, o país poderá aumentar a poupança interna, que atualmente está em 20% do PIB”, observou.O presidente da CNI comparou o Brasil com os países asiáticos, que têm taxa de poupança de 20% do PIB. Para ele, o nível ideal para o país crescer 5% ao ano varia de 25% a 27% do PIB.