Número de aberturas de capital de empresas terá saldo positivo pela segunda vez em dez anos

05/12/2006 - 18h32

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Pela segunda vez consecutiva depois de cerca de dez anos, o saldo entre as aberturas de capital de empresas e fechamentos será positivo no Brasil, segundo a Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca). “Isso mostra que a economia, na área do mercado de capitais, está reagindo bem”, avaliou o presidente da Abrasca, Alfried Plöger. Segundo uma estimativa da associação, o saldo do ano seria de cerca de 15 empresas com abertura de capital.Plöger explicou que isso se deve a fatores como liquidez internacional que tem rendimentos no exterior de 1% a 1,5% acima da inflação “e procura melhores rendimentos aqui”. Plöger argumentou que o mercado de capitais brasileiro é, sem dúvida, um dos instrumentos de se alavancar esses rendimentos, bem como os investimentos em renda fixa.A Bolsa de Valores do país se torna atrativa para essa finalidade de atrair capital estrangeiro, uma vez que as empresas negociadas, segundo ele, demonstram cada vez maior preocupação com a governança corporativa, transparência, sustentabilidade em suas operações. ”Tudo isso cria credibilidade lá fora. E se há uma coisa  que os investidores internacionais são altamente sensíveis é a questão da credibilidade. Então, toda vez que a credibilidade for abalada, essa é uma recuperação dificílima, de longo prazo e onerosa”, afirmou.O presidente da Abrasca frisou que o mercado de capitais brasileiro conseguiu recuperar boa parte dessa credibilidade, levando o país a captar, até o final deste ano, recursos da ordem de R$ 120 bilhões. “Recursos nunca sonhados até então”. Ele acredita que o volume de ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) tem condições de crescer pelo menos 10% em 2007.Na opinião do executivo, o governo Lula tem pela frente cinco problemas principais para enfrentar no segundo mandato. Eles se relacionam à infra-estrutura, marcos regulatórios, carga tributária, baixo investimento público e privado e câmbio. Em relação à economia mundial, a análise da Abrasca é de que o ano de 2006 foi ruim para as companhias abertas que tiveram, por outro lado, um mercado de capitais extremamente favorável. O presidente da entidade acredita que, em 2007, o cenário não deverá sofrer mudanças significativas.