Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Os jovens, mulheres, negros, empregados domésticos, pessoasde baixa escolaridade e trabalhadores sem carteira assinada formam o perfil dafaixa da população com a maior concentração de renda equivalente a apenas umsalário mínimo mensal. É o que mostra a pesquisa Quem São os Ocupados queGanham Um Salário Mínimo, realizada pelo Departamento Intersindical deEstatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) durante o ano de 2005, em cincoregiões metropolitanas (São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador eRecife) e o Distrito Federal. Para esse grupo “o salário mínimo é uma forma de garantir um rendimento mínimoe de proteção, já que muitos deles não contam com representatividade sindicalou mesmo com o amparo legal do contrato de trabalho”, assinalou o coordenadorda pesquisa, Frederico Melo, economista do escritório regional da entidade emBelo Horizonte. O maior número de ocupados com renda de um salário mínimo foi localizado emRecife e Salvador, representando 16,2% dos trabalhadores em cada uma dessasregiões metropolitanas. No sentido inverso, São Paulo tem a menor parcela, com 4,8%,e Porto Alegre com 5%. Em Belo Horizonte, 12,3% das pessoas inseridas nomercado de trabalho ganham um salário mínimo e no Distrito Federal essepercentual é de 9%. No caso de quem recebe menos que o salário mínimo, a proporção é a mesma dototal que atinge a renda mínima em Belo Horizonte (12,3%). No Distrito Federalcai para 7,9% e há uma elevação do número nas demais localidades, com São Paulosubindo para 12,5%, Salvador, 20,9%, Recife, 23,7%, e Porto Alegre, 7,8%. A pesquisa apurou ainda que a concentração de renda até doismínimos é a que atinge a maior concentração em todas as cinco regiõesmetropolitanas, sendo liderada por Porto Alegre (38,9%, seguida por BeloHorizonte (38,2%), Recife (36,8%), Distrito Federal (32,6%), Salvador (30,7%) eSão Paulo (30,3%). Acima de dois até cinco salários mínimos, os trabalhadores dos municípios daregião metropolitana de São Paulo e de Porto Alegre voltam a liderar com 35,3%e 34%, respectivamente. Em Belo Horizonte eles são 25,9%, no Distrito Federal,25,6%, em Salvador, 21,4%, e no Recife, 17,2%. Para os rendimentosque excedem os cinco salários mínimos, a pesquisa averiguou que a maior partedos trabalhadores está concentrada na região do Distrito Federal (24,9%),seguido por São Paulo (17,2%), Porto Alegre (14,3%), Belo Horizonte (11,2%), Salvador(10,8%) e Recife (6%).O levantamento indica que em todas essas localidades há mais mulheres do quehomens recebendo renda mensal de um salário mínimo, com as taxas mais elevadasem Salvador, com 20,9% de mulheres e 12% de homens, seguido por Recife com19,9% de trabalhadoras e 13,2% trabalhadores.Segundo Frederico Melo, embora a incidência de jovens, mulheres e negros sejaalta na faixa de um salário mínimo, os trabalhadores que são chefes de famíliatambém se inserem de forma nada desprezível, somando um quarto a um terço dototal em todas as regiões, com exceção do Recife, onde são 40%.No quesito escolaridade, os técnicos identificaram que 4% dos trabalhadores têm nível superior. A maioria, no entanto, não chegou a completar o ensinofundamental, sendo 43,7% em Porto Alegre e 40,5% em São Paulo.