Presidente peruano quer atrair investimentos do Brasil para infra-estrutura e manufaturados

10/11/2006 - 19h12

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
Brasília (São Paulo) - O presidente do Peru, Alan García, encerrou hoje (10) visita de dois ao Brasil, dizendo retornar a seu país com a nítida sensação de ter alcançado êxito na intenção de atrair capital brasileiro para investimentos em infra-estrutura e em indústria manufatureira. Depois de reunir-se com empresários ligados à Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp), ele afirmou estar certo de ter convencido o setor que “investir no Peru pode representar ganhos até maiores do que no próprio Brasil”.Como resultado desse encontro, foi estabelecido que uma missão com empresários paulistas visitará o Peru no primeiro semestre de 2007. Entre as vantagens apontadas por García para atrair investidores, estão menos tributação sobre o custo de produção e o fato de a economia peruana estar em fase de crescimento com estabilidade. Segundo ele, o Peru crescerá em torno de 7% este ano, com inflação abaixo de 2%.Os termos comparativos apontados por ele foram parcialmente rebatidos pelo presidente da Fiesp, Paulo Skaf, que se diz favorável a discutir as possibilidades de investimentos no país vizinho sem, no entanto, abandonar a luta para desonerar a produção no mercado doméstico. ”O Peru não veio pedir empréstimos, recursos, veio pedir invistam com segurança”, disse Skaf.O ponto que ele não concorda é justamente a defesa do presidente peruano de que se poderia ganhar mais dinheiro naquele país do que no Brasil. “O Brasil tem de ser a melhor opção, mesmo com muita burocracia e impostos. Enquanto no Peru a carga tributária chega a 20% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todas as riquezas de um país), aqui é de 38%. O que precisamos é mudar esse custo”, afirmou, acrescentando que tem perspectivas otimistas em relação a isso neste segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.Em discurso feito no encerramento do seminário Encontro Empresarial Brasil-Peru, García fez críticas veladas a parcerias mantidas pelo Brasil com a Venezuela e a Bolívia. Ele afirmou que seu país tem "grande potencial hidrelétrico", capaz de exportar até 90% da energia que poderia ser gerada. “Poderíamos iluminar todo a região nordeste”, enfatizou.Com o objetivo de conquistar a migração de investimentos da Petrobras para o Peru de neutralizar a concorrência de vizinhos sul-americanos,  García sugeriu que o Peru seria uma alternativa menos arriscada.Numa alusão à medida do presidente boliviano, Evo Morales, de nacionalizar as reservas de petróleo e gás de seu país, García disse que “o Peru jamais trairá o Brasil”.