Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, mantevehoje (7) a projeção de crescimento da economia, e afastou o risco de ocorrer umprocesso continuado de desaceleração no setor produtivo. Para ele, a queda de1,4% na produção industrial em setembro ante o mês anterior não sinaliza umatendência. O aquecimento do consumo no mercado varejista indica, segundo suaanálise, que haverá a necessidade de repor estoques em ritmo que acabaráalimentando a indústria nacional. De acordo com os dados divulgados hoje pelo InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o recuo de 1,4% na produçãoindustrial está associado, principalmente, à greve que afetou o setor daindústria automobilística. Neste segmento, a retração alcançou 9,3%. Noentanto, os dados gerais sobre produção industrial no país ainda apontamresultado positivo de 2,7% no acumulado do ano. Diante desse quadro, opresidente do Banco Central acentuou que não se deve observar apenas “os dadospontuais, mas olhar a tendência”, que em sua avaliação indica para um crescimentomais expressivo do que o observado até agora. Meirelles disse que o Banco Central tem contribuído para queo país atinja a meta de crescimento ao exercer medidas para manter a inflaçãosob controle. “Na medida em que a inflação fique na meta de forma sustentada,teremos em conseqüência uma queda dos prêmios de riscos, de queda de juros alongo prazo e condições para discutir o crescimento”. Ele fez questão de frisar ser importante que “saiamos dessedilema do passado, que era inflação versus crescimento”, porque todas as experiênciasverificadas em boa parte dos países do mundo mostram que para crescer mais épreciso ter a inflação na meta.Meireles disse que com o desenvolvimento previsto, o paísprecisará aumentar os investimentos em infra-estrutura, que “é o grande desafio”a ser enfrentado pelo governo. Ele considera factível atrair tanto capitalprivado nacional quanto estrangeiro para investimentos nessa área. Reconheceu,no entanto, que embora essa seja prioridade o tema envolve medidas quevão “muito além do Executivo, passa pelo Legislativo, Judiciário e por outrosórgãos públicos”.Questionado se estaria demissionário do cargo, Meirellesnegou. “São especulações normais da imprensa, mas absolutamente prematuras. Nãoexiste nada neste sentido”.Ele destacou que a decisão sobre a sua manutenção no governocabe ao presidente Lula. Diante da insistência dos jornalistas, sinalizou queseja qual for o dirigente (do Banco Central), o país não terá outra saída senãoa de seguir a política monetária adotada por ele. “O presidente (Lula) jádeixou muito claro, o Brasil tem um compromisso com a inflação na meta, com ocompromisso com o equilíbrio externo, com a estabilidade, e aí, sim, achar ocaminho do crescimento”. O presidente do Banco Central deu as declarações apósparticipar do Segundo Congresso Paulista de Jovens Empreendedores, na sede daFederação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).