Presidentes do PPS e do PV criticam acordos para superar cláusula de barreira

25/10/2006 - 17h39

Julio Cruz Neto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os presidentes do PPS, RobertoFreire, e do PV, José Luiz Penna, consideram que foi uma decisão apressada eoportunista, sem levar em conta coerência ideológica de programas a criação doPartido Republicano, acertada ontem entre PL, Prona e PTdoB, bem como aincorporação, já acertada, do PAN pelo PTB. “Não vamos entrar nessa mixaria de juntar coisas desconexas”, afirma Penna,referindo-se ao Partido Republicano. “Não sei como se encaixa uma discussãopolítica aí, mas com o PV não será uma coisa apenas pragmática”, diz ele.  O PV, assim como o PPS, não  superou  a barreira dos 5% e  negocia  fusão  com o  PSC para  reverter a  situação.O presidente do PV considera a fusão entre PL, Prona e PTdoB uma prova deque se trata de “partidos fracos programaticamente, que enfrentam de maneiraaçodada a pressão pela perda de parlamentares”.Ou seja, quer dizer que os deputados trocarão de partido se a questão dacláusula não for resolvida rapidamente, por falta de afinidade com a legenda.Segundo ele, os verdes não pensam da mesma forma. “O tempo do PV não é o mesmotempo dos outros, não temos um horizonte de perda parlamentar, porque temosprestígio na sociedade.”O líder do PL na Câmara, Luciano de Castro, nega que a negociação com Prona e PTdoB tenhaocorrido às pressas. “Estamos conversando há algum tempo, não tem nada a vercom a eleição. Os parlamentares não vão ficar num partido que não tenha assento nascomissões, fundo partidário e tempo de TV.”Quando a regra da cláusula de barreira entrar em vigor, o que deve ocorrer apartir do início da próxima legislatura, no dia 1º de fevereiro, os partidos que não tiverama representação mínima estipulada pela legislação eleitoral terão atuaçãolimitada no Congresso Nacional, perderão espaço nas propagandas televisivas eterão de dividir apenas 1% do fundo partidário.O líder do PL diz que o novo Partido Republicano estará apenas cumprindo alei. “Estamos dando nossa contribuição, transformando três partidos em um”.Segundo ele, quem está criticando não tem moral para fazê-lo. “O PV é maispragmático que a gente, porque está negociando com o PSC [Partido SocialistaCristão], que antes negociava com a gente. Eles pensam em criar o PVSC, pareceaté nome de empresa petrolífera”.Roberto Freire, do PPS, que negocia um acordo com o PHS, garante que seu partido não vai“pegar qualquer um”. Questionado se é uma referência aos acordos de outrospartidos, ele responde que “o PTB está fazendo isso”. Quanto ao PL, evita fazera crítica nominal, mas também não nega? “Não quero criticar ninguém, até porquea cláusula é uma violência”.O PTB está cuidando dos detalhes da incorporação do PAN, que já estáacertada, segundo o presidente do partido e deputado cassado Roberto Jefferson. Ele rebate a crítica do presidente do PPS: “O Freire é umideológico, que acusa sem saber. Está sempre malhumorado. Eu não me juntaria com o PPS.”Jefferson garante que o diálogo com o PAN não foi mero casuísmo. Segundoele, o fato de o PTB ser uma “legenda histórica”, associada à criação daConsolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e da Previdência Social, justifica aincorporação do PAN, que representa os "aposentados da nação". Para o ex-deputado, a união é coerente, e o novo estatutoprevê que o partido não votará dois assuntos (reforma da CLT e da Previdência)para proteger os trabalhadores. “(Esses temas) só com plebiscito”, diz ele.