Países desenvolvidos consomem mais recursos naturais, aponta ONG

25/10/2006 - 20h18

Thiago Brandão
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O relatório Planeta Vivo 2006, da organização não-governamental WWF, revela que os principais responsáveis pelo desequilíbrio entre o consumo de recursos naturais e a capacidade de renovação da natureza são os países ricos. A medida utilizada pela ONG é a Pegada Ecológica, que considera a quantidade de terra produtiva, água e demais recursos necessários para produzir o que um indivíduo consome e para absorver o resíduo que ele gera. A Pegada é expressa em hectares. A WWF considera equilibrada uma pegada de 1,8 hectare por pessoa, anualmente. A média mundial atual, apontada pelo relatório, é de 2,2 hectares anuais.Enquanto em países em desenvolvimento como Índia e China uma pessoa consome, respectivamente, 0,8 hectare e 1,6 hectare por ano, quem vive nos Estados Unidos consome, em média, 9,6 hectares. O país só é superado pelos Emirados Árabes Unidos, onde um indivíduo consome anualmente, em média, 11,9 hectares de recursos naturais – o alto índice é atribuído à grande exploração de combustíveis fósseis e à emissão de gases poluentes.A média brasileira é de 2,1 hectares anuais por pessoa. “O Brasil não está extrapolando tanto a média, mas somos campeões no desmatamento de florestas tropicais no mundo. Estamos em processo de desenvolvimento e este é o momento para fazermos escolhas certas de sustentabilidade”, avaliou Karen Suassuna, técnica em mudanças climáticas da WWF. Em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, ela também criticou a previsão do Programa Nuclear Brasileiro, de construção de sete usinas nucleares de geração de energia até 2025, porque o uso de energia nuclear aumenta a pegada ecológica de um país. “Surpreende que o governo decida implementar um programa de energia nuclear, que é a energia mais cara para a realidade brasileira. Nós temos capacidade de suprir a oferta de energia de maneira inteligente, sem precisar expandir a matriz nuclear ou de petróleo”, disse, sugerindo que o país explore mais o biodiesel, o álcool, a energia solar e a eólica, além da biomassa.