Estudo aponta que indústrias de eletrônicos, mecânica e química investem mais em inovação

25/10/2006 - 18h41

Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As empresas com maior índice de inovação no país concentram suas atividades nas indústrias eletrônica, mecânica e química. Elas fabricam, por exemplo, aeronaves, ônibus, caminhões, automóveis e defensivos agrícolas. O dado é do estudo Inovação e Tecnologia no Brasil, baseado em pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para os períodos de 1998 a 2000 e de 2001 a 2003. Durante seminário realizado hoje (25) para discutir alternativas capazes de tornar o Brasil mais competitivo, o professor Roberto Vermulm, da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo, afirmou que se comparados esses períodos, houve aumento da taxa de inovação nas empresas brasileiras. Ele é um dos autores do estudo, publicado pela Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras (Anpei), e acrescentou que essa inovação, no entanto, acontece dissociada de ações que dêem sustentação futura ao processo. “Estamos inovando, mas não estamos desenvolvendo conhecimento para que possamos caminhar numa trajetória de longo prazo e inovar em anos posteriores. Por um lado temos um dado positivo que é inovar mais, mas por outro lado, as atividades que dão suporte num prazo mais longo para a inovação diminuíram”, afirmou.Vermulm apontou, como pontos importantes para aumentar o investimento das empresas em inovação, a cooperação com outros setores produtivos e a capacitação de pessoal: “O inovar mais passa por capacitar pessoas, por fazer investimento em pesquisa e desenvolvimento, e em fazer cooperação com outros agentes econômicos”. Mas a pesquisa mostra que entre as empresas que inovaram entre 2001 e 2003, apenas 3,75% fizeram cooperação com outras instituições. As que cooperam, dão preferência a clientes e fornecedores – apenas 17,84% das empresas apontaram universidades e institutos como parceiros.O professor afirmou ainda que o governo criou instrumentos para impulsionar a inovação nas empresas e a competitividade dos produtos brasileiros, mas eles ainda são pouco conhecidos pelas próprias empresas e a alocação de recursos é pequena. Na avaliação dele, "precisamos, do lado do governo, experimentar mais esses novos instrumentos, aprender a definir prioridades e apoiar o setor privado”. Na comparação entre os dois períodos pesquisados, apresentaram redução na taxa de inovação as empresas de processamento, preservação e produção de frutas, legumes e outros vegetais, fabricação de refino de açúcar, fabricação de produtos de fumo, fiação e tecelagem.