Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro (Brasil) - A reforma da Organização das Nações Unidas (ONU), há anos em andamento, não estará completa enquanto o Conselho de Segurança não for ampliado."Este órgão foi ampliado apenas uma vez, em 1964, quando passou de 11 para 15 membros. Naquela época, eram 112 os países membros da ONU e hoje são 192”, disse o subsecretário de assuntos políticos do Ministério de Relações Exteriores, embaixador Antônio Patriota. O Brasil reivindica uma vaga no conselho e tem apoio de alguns países da África e da América do Sul.Em entrevista hoje (24) ao Programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional, ele avaliou que o conselho é, provavelmente, o órgão mais poderoso da ONU. Ele tem como atribuição preservar a paz e segurança internacional, além de determinar medidas sobre o capítulo 7, que define a aplicação de sanções e uso da força, com base no conceito de segurança coletiva.Para ele, os países emergentes têm um papel cada vez mais significativo na promoção da paz e da estabilidade internacional. Os Estados Unidos, embora permeneçam como principal pólo militar e econômico, enfrentam dificuldades para garantir os resultados que desejariam sem a cooperação internacional."Estamos vendo o que acontece no Iraque, vimos recentemente a questão do Líbano e outras situações. O conceito de segurança coletiva e a idéia de que é necessário fortalecer o multilateralismo para cooperação internacional é o que está muito vivo no espírito das nações e dos povos, tão vivo quanto em 1945", disse. "Mas hoje, de fato, precisaríamos promover alguns ajustes nos métodos de trabalho e na composição dos órgãos e do Conselho de Segurança que ele tenha eficácia desejada”.Ele lembrou que, quando foi criada, em 1945, a ONU era composta de 51 membros, dentre eles, o Brasil. Hoje, são 192 integrantes das Nações Unidas e isso, para ele, representa uma grande mudança.“Houve a descolonização ao longo dos anos 60, com novos membros da África e da Ásia, a ampliação de debates sobre temas econômicos e os direitos humanos subindo na agenda internacional. A ONU cresceu, se diversificou e passou a tratar de temas que não tratava antes, como o meio ambiente".Na avaliação dele, os desafios de hoje são, de certo modo, parecidos: manter e preservar a paz internacional, promover o desenvolvimento e defender os direitos humanos. "Mas o contexto internacional em que vivemos é bem diferente daquele de 45, com numero de atores maior, divisão de poder diferente”.É isso, de acordo com ele, que está por trás do impulso de reforma, que apesar de estar em pauta desde a década de 90, se acelerou apenas nos últimos quatro anos, no segundo mandato do secretário geral da ONU, Kofi Annan.Hoje (24), em comemoração aos 61 anos da ONU, haverá uma conferência no Itamaraty. A cerimônia será aberta pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e terá participação, dentre outros, do representante no Brasil do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Kim Bolduc.