Luciana Vasconcelos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O diretor de Desenvolvimento da Aqüicultura da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (Seap), Felipe Matias, defende o gerenciamento do conflito entre os grupos que defendem a criação de camarões em viveiros (carcinicultura) e os que criticam a prática, como o Movimento Nacional de Pescadores (Monape). “Nós não podemosolhar só um lado: ao mesmo tempo em quepessoas sofrem com esse avanço, outras têm vantagens. Não podemos crucificar a atividade por alguns quefizeram errado – muitos trabalham da forma correta e é preciso garantir que estes continuem trabalhando. Quem não trabalha de forma correta, que sejapunido”, disse.Matias informou que foi criado um grupo de trabalhopara discutir o conflito e até março do ano que vem deverá apresentarresultados. “Interessa que a gente tenha uma atividade produtiva, com grande potencial de geração de emprego e renda. É importante a gente não se ausentar do debate, para a coexistência dos setores”, acrescentou. Segundo o diretor, acarcinicultura cresceu na década de 90 sem foco na questão ambiental, "baseada simplesmente na sustentabilidade técnica eeconômica”. E vários conflitos apareceram, como expulsão de pescadores artesanais e até confrontos armados. "A atividade tem problemas, mas ao mesmo tempo provê muitos empregos, respeitando as dimensões técnicas e econômicas e também as socioambientais", defendeu. Relatório de um grupo de trabalho daCâmara aponta que a carcinicultura gerou, em muitas áreas, problemassocioambientais denunciados por associações de pescadores artesanais,organizações não-governamentais (ONGs) e procuradorias do MinistérioPúblico. E destaca interferências no fluxo das marés,extinção de áreas de pesca e mariscagem, contaminação de água destinadaao consumo humano e apropriação de terras públicas. O presidente da Associação Brasileira deCriadores de Camarão (ABCCAM), Itamar Rocha, disse que o setor não foiouvido e que o relatório não possui sustentação científica. Eleinformou que tem uma carta de 40 doutores contra o relatório. Já o presidente da Associação Brasileira de Engenheiros de Aqüicultura(Abeaqui), Tiago Frigo, lembrou que não são todos os empresários que praticam a carcinicultura de forma degradante. "Existem problemas, mas são casos isolados, que não devem ser generalizados", disse.Frigo informou que estão sendo formados engenheirosespecializados na área, cuja missão será a de implantar a aqüicultura sustentável: "Muito da aqüicultura, principalmente na carcinicultura,foi feita de uma forma que não é recomendável. E os engenheiros depesca estão entrando no mercado para suprir essademanda de sustentabilidade”.