Dono da Planam teria pedido dinheiro para dar entrevista acusando tucanos

22/10/2006 - 18h46

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Do R$ 1,7 milhão apreendido na negociação do dossiê contra políticos tucanos, R$ 1 milhão seria usado para pagar a entrevista dos empresários Darci e Luiz Antônio Vedoin à revista IstoÉ, quando eles acusam políticos do PSDB de envolvimento na compra superfaturada de ambulâncias. Segundo o relatório parcial da Polícia Federal sobre as investigações sobre o dossiê, essa versão foi apresentada pelo petista Valdebran Padilha, preso em São Paulo com parte do dinheiro da negociação do dossI.O relatório, no entanto, não especifica se o R$ 1 milhão seria repassado à revista ou seria apenas para o dono da Planam. No depoimento, Valdebran contou que a primeira parcela ficaria como garantia do acordo. De acordo com ele, Luiz Antônio pediu ainda que o sinal fosse dado em cédulas de reais e de dólares.O adiantamento corresponderia à metade da quantia inicialmente acertada para a aquisição do dossiê – R$ 2 milhões. Conforme Valdebran, somente na segunda etapa da negociação, o valor foi reduzido para R$ 700 mil. As duas parcelas, no entanto, seriam entregues de uma vez em um hotel próximo ao Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.Na entrevista à IstoÉ, que foi às bancas em 16 de setembro, Darci e o filho Luiz Antônio Vedoin, donos da Planam, revelaram que o ex-ministro da Saúde José Serra (PSDB) estava envolvido com o esquema de compra de ambulâncias superfaturadas. Os dois apresentaram documentos que mostravam que, das 891 ambulâncias comercializadas pela Planam entre 2000 e 2004, 671 (70%) não foram adquiridas com verbas liberadas até 2002, durante as gestões de Serra e Barjas Negri.A reportagem apresentou ainda cópias de cheques e de comprovantes de depósitos de outra empresa dos Vedoin, a Klass, para duas empresas pertencentes a Abel Pereira, empresário investigado por ligação com o PSDB.Embora não tenha divulgado informações sobre o conteúdo do dossiê, o relatório aponta algumas pistas sobre o que despertou o interesse do PT. O documento afirma que foram apreendidas com Paulo Roberto Trevisan, tio de Luiz Antônio Vedoin enviado a São Paulo para entregar o dossiê, três fotocópias de folhas com prefeituras e valores. Em outro trecho, o relatório afirma que Luiz Antônio apresentou uma lista com 500 prefeituras que teriam negociado ambulâncias com a Planam.