Thaís Brianezi
Repórter da Agência Brasil
Manaus - O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos RecursosNaturais Renováveis (Ibama) retomou hoje (16) as vistorias nas 43madeireiras de Vista Alegre do Abunã, distrito de Porto Velho (RO). Otrabalho, iniciado no último dia 7 com dez fiscais, havia sidointerrompido na semana passada por protestos de madeireiros emoradores. Eles bloquearam a rodovia BR-364 e ameaçavam incendiar oescritório local do Ibama. “As ações em Vista Alegre do Abunã não pararam, sóforam redirecionadas, por uma questão de segurança dos fiscais. Nessemeio tempo, nós paralisamos a inspeção industrial e vistoriamos áreasdesmatadas”, informou à Radiobrás o chefe defiscalização do Ibama no Amazonas, Adilson Cordeiro. “Reforçamosnossa equipe, que passou de dez para 23 pessoas. Pelo menos 80% delastêm porte de arma funcional. Além disso, já solicitei apoio do Exércitoe da Polícia Federal”. A BR-364 vai de Limeira, em São Paulo, a RodriguesAlves, no Acre - passando pelos estados de Minas Gerais, Goiás,Mato Grosso e Rondônia. A rodovia ficou bloqueada durante três dias, até aúltima terça-feira (10). Os moradores exigiam a saída dos fiscais doIbama e um prazo para que as madeireiras da região fizessem adeclaração de estoque necessária para a emissão do Documento deOrigem Florestal (DOF). O DOF é o novo sistema de controle do transporte demadeira, totalmente informatizado. Ele substituiu a Autorização paraTransporte de Produtos Florestais (ATPF), uma guia impressa pela Casada Moeda e preenchida manualmente. “O DOF começou a valer no dia1º de setembro, já com um prazo de 30 dias para as madeireiras secadastrarem e fazerem a declaração de estoque (<i> dado sobrequanta madeira de origem legal possui e pretende transportar</i>)”, lembrou Cordeiro. As vistorias em Vista Alegre do Abunã fazem parte daOperação Acauã, de combate ao desmatamento no sul do Amazonas. Nosprimeiros 50 dias, a operação identificou 4 mil hectares de florestadestruída ilegalmente – o equivalente a quatro mil campos defutebol. As multas somam R$ 11 milhões. Esse é o quinto ano consecutivo em que o Ibamarealiza operações ostensivas no sul do Amazonas – região fronteiriçacom Mato Grosso e Rondônia, a mais crítica do estado. As ações seguematé novembro, quando recomeçam as chuvas mais intensas na região. Acauãé uma ave de rapina – uma alusão às imagens de satélite, já que osgaviões enxergam suas presas das alturas e conseguem descer ao localpreciso da captura.