Juliana Cézar Nunes*
Enviada especial
Salvador - Na primeira semana após o primeiro turno daseleições, os dois candidatos à Presidência da República no segundo turno deram uma atençãoespecial às articulações políticas na Bahia, quarto maior colégio eleitoral do país,com cerca de 9 milhões de eleitores.
Geraldo Alckmin (PSDB/PFL) esteve em Salvador na quinta-feira,e Luiz Inácio Lula da Silva, na sexta. Em reuniões e discursos, eles buscaram e apresentaram à população o apoiode lideranças locais que atuam em lados opostos para ampliar os votosconquistados. No primeiro turno, Alckmin recebeu 26% dos votos válidosbaianos, e Lula, 66%.
Alckmin segue na campanha com o apoio do PFL baiano. No estado, o partido foi o que elegeu o maior número de deputados federais (16, entre 39) e possui em seus quadros metade dos prefeitos da Bahia (cercade 200), além do senador Antônio Carlos Magalhães, que foi governador baiano por trêsmandatos.
"Temos como crescer e superar os 26%, o que podecontribuir para uma vitória nacional", afirmou, esta semana, o deputado federal mais votadono estado, Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL), em entrevista à TVE Bahia. "Vamosconclamar todos para que reflitam neste segundo turno, já que é uma eleiçãodiferente", disse o governador Paulo Souto (PFL), em entrevista a essa mesmaemissora pública.
Lula, por sua vez, contará com o apoio dos diretórios baianos do PMDB edo PDT. O PMDB fez parte da coligação que elegeu o petista JaquesWagner governador em primeiro turno, com 52,8% dos votos válidos. O vice de Wagner,Edmundo Pereira, é do PMDB. Assim como ele, o deputado federal Geddel Vieira Lima,presidente estadual do partido, já declarou apoio a Lula.
O candidato petista tem ainda a seu lado o PDTbaiano, do qual fazem parte o prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro, e opai dele, senador recém-eleito pela Bahia, João Durval Carneiro. "Tivemos quedesobedecer a orientação do nosso partido – que ainda não definiu apoio – paraficar do lado do povo e de vossa excelência", disse o prefeito da capitalbaiana, durante comício de Lula em Salvador, na última sexta-feira.
Diante de um quadro político local tão dividido, tanto Lula como Alckmin destacaram em seus discursos a disposição para governar em parceria com o governo estadual, independentemente da filiação partidária dos governantes.
Em comício, o candidato petista disse que nãodeixou de repassar recursos ao estado durante o governo de Paulo Souto, tendo a Bahia setornado o estado com maior número de beneficiários do Bolsa Família (1,4 milhão de famílias beneficiadas).
Também em entrevista à TVE Bahia, Alckmin prometeutrabalhar junto com o governador eleito, Jacques Wagner, e com o prefeito JoãoHenrique, investindo no metrô de Salvador e na saúde. As obras de construção do metrô soteropolitano são ponto de disputa entre os dois candidatos à Presidência. Lula afirma que a obra foi e continua sendo prioridade para ele. Alckmin alega que o presidente, no atual mandato, deixou de repassar verbas para o metrô de Salvador enquanto, ao mesmo tempo, autorizou que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES, apoiasse a participação de empreiteiras brasileiras na construção do metrô de Caracas, capital da Venezuela.
No primeiro turno das eleições, o PDT lançou o ex-ministro da Educação Cristovam Buarque como candidato à presidência da República. O apoio no segundo turno ainda não foi definido. Na última quinta-feira, a Executiva Nacional e os dirigentes estaduais do partido se reuniram e elaboraram um documento com compromissos de governo a serem assumidos formalmente. O partido, no entanto, não informou o que fará se os dois candidatos apoiarem o documento.*colaborou Daniel Merli