Jovens do programa Primeiro Emprego realizam trabalho comunitário no Rio

04/10/2006 - 17h12

Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Mais de 1.500jovens que buscam inserção no mercado de trabalho estão realizandoatividades voluntárias em comunidades do estado do Rio de Janeiro. Elesfazem parte do Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego,desenvolvido em todo o país pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

Nasmanhãs de sábado, um grupo de jovens atua como contadores de históriaem uma atividade literária e de formação de crianças na comunidade daCidade Alta, no bairro de Cordovil, na zona oeste do Rio. Eles estãofazendo o curso de agentes de atendimento ao público, oferecido peloCentro de Integração Empresa-Escola (Ciee).

Deacordo com a supervisora de projetos da entidade, Luciane Teixeira daCruz, o trabalho na comunidade permite que os jovens desenvolvam váriascompetências necessárias no mercado de trabalho, como iniciativa,capacidade de negociação e habilidade de comunicação.

“Elesprecisam despertar para o fato de que o mundo do trabalho exige operfil de um profissional com criatividade, dinamismo, decisão E,quando os jovens participam de um trabalho como esse, desenvolvem essascompetências, mesmo não estando em sala de aula”, explicou.

Alémde participar da escolha dos temas que vão abordar com as crianças, osvoluntários desenvolvem ações mais amplas, como, por exemplo, a buscade patrocínio para o lanche que é servido durante as atividades.

Outrogrupo de jovens que está sendo capacitado pelo Ciee realiza, desdejulho, trabalho junto a uma associação de moradores da Ilha doGovernador. Eles já completaram um levantamento sobre as demandas dapopulação local e, a partir de agora, vão estabelecer um plano de açõespara que a associação possa atender as necessidades apontadas pelosmoradores.

Outroexemplo de trabalho voluntário é o dos jovens que estão sendocapacitados pela organização não-governamental (ONG) Ação Comunitáriado Brasil para atuar na área da beleza. Eles prestam serviços comocorte de cabelo, manicure e pedicure junto à comunidade da Vila doJoão, que integra o complexo de favelas da Maré, na zona norte dacidade.

Nasemana passada, alunos do curso foram até o abrigo público EstelaMaris, onde atenderam cerca de 150 pessoas que não têm onde morar.Maria Isaura Bento, 23 anos, foi uma das jovens que participaram dotrabalho. “Ajudar é um incentivo para a gente, até porque eu tambémtenho pessoas na família que precisam de ajuda. Eu tinha muita vergonhado contato com as pessoas, mas me soltei, trabalhei bastante, gosteimuito”, Maria Isaura.

Açõesvoluntárias também são realizadas em creches, escolas e postos desaúde. Os jovens prestam serviços nas áreas em que estão sendocapacitados, como a administrativa, de atendimento ao público e degastronomia, tanto em áreas carentes da capital quanto em municípiosregião metropolitana, da Baixada Fluminense e do sul do estado.

Asatividades no Rio são propostas pelas 29 entidades que integram oConsórcio Social da Juventude, responsável no estado pela execução doprograma de incentivo ao primeiro emprego. A realização de 20 horas detrabalho voluntário nos fins de semana é requisito para que os jovenstenham direito à bolsa mensal de R$ 150 oferecida pelo programa duranteos cinco meses que dura a capacitação.

Parao coordenador do serviço voluntário do Consórcio da Juventude, CarlosAlberto Reis, o trabalho voluntário é uma forma de promover acidadania, a integração dos jovens com a sociedade e sua participaçãono desenvolvimento das comunidades de origem. ”A idéia das açõesvoluntárias é desenvolver as regiões onde esses jovens moram e ondeatua o consórcio. Além disso, essa é uma oportunidade para queaprimorem o seu treinamento”, afirmou Reis.

 OPrograma Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego é voltado para jovensde 16 a 24 anos de famílias com renda per capita de até meio saláriomínimo. Durante seis meses, eles freqüentam inicialmente cursos deinclusão digital, valores humanos, ética, cidadania, saúde, qualidadede vida, educação ambiental e reforço escolar. Em seguida, participamde oficinas estruturadas de acordo com a demanda do mercado e opotencial de cada um. A capacitação é oferecida pelas entidades emovimentos da sociedade civil organizada que compõem o consórcio emcada estado. A meta dos consórcios é conseguir encaminhar para omercado de trabalho, no mínimo, 30% dos jovens que participam doprograma. No Rio, o consórcio é coordenado pela Ação Comunitária do Brasil e está na terceira edição.