Márcia Wonghon
Repórter da Agência Brasil
Recife - Problemas burocráticos ligados a fornecedores farmacêuticos está causando atraso na distribuição, aos hospitais públicos de Pernambuco, de cinco medicamentos para combater infecções oportunistas, que atingem os portadores do vírus HIV.A justificativa foi apresentada hoje (25) por François Figueroa, coordenador do Programa Estadual de Doenças Sexualmente Transmissíveis, da secretaria estadual de Saúde. Segundo ele, algumas empresas não estão cumprindo prazos de entrega.“Compramos remédios extremamente caros, que custam em torno de R$ 28 mil, mas não estamos conseguindo adquirir medicamentos de baixo custo devido à falta de interesse de venda dos produtos. Mas o que trava mesmo é o processo de licitação”.A situação foi denunciada na semana passada por médicos infectologistas dos Hospitais Correia Picanço, na zona norte do Recife, e Oswaldo Cruz, no bairro de Santo Amaro.De acordo com Figueroa, 4,5 mil portadores do vírus recebem mensalmente os medicamentos em 13 centros de referência no estado. Ele diz que, para não prejudicar o tratamento, o governo está fazendo um esforço para regularizar a situação o mais rápido possível. A diretora do Hospital Correa Picanço, Mirian Silveira, diz que, muitas vezes, o fornecedor que venceu a licitação para vender dos medicamentos não tem estoque suficiente para o abastecimento. Nesse hospital, onde 3,2 mil soropositivos são atendidos por mês, não há estoque de cetaconazol. Um outro medicamento, a clindamicina, estava em falta na unidade de saúde, mas chegou na última sexta-feira (22).O coordenador do departamento de infectologia do hospital Oswaldo Cruz, Demócrito Miranda, explica que, sem os remédios, os pacientes ficam vulneráveis a bactérias e vírus, podendo contrair doenças respiratórias, diarréias crônicas e toxoplasmose (infecção causada por protozoários).Dados da secretaria estadual de Saúde apontam que, desde 1983 até agora, 9,5 mil casos de infecção por HIV foram contabilizados em Pernambuco.