Edla Lula
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O crédito imobiliário com recursos da poupança dará este ano um salto emmais de 100% em relação ao ano passado. A previsão é da Associação Brasileirade Empresas de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). O incremento se deve,segundo a instituição, à série de medidas de estímulo ao setor, adotadas pelogoverno desde fevereiro.O crescimento, no entanto, acontece sobre uma base pequena, uma vez quedesde 1997 o setor amargava uma crise que fez o crédito imobiliário estagnar emR$ 1,8 bilhão em 2002. A projeção para este ano é de valores entre R$ 9 bilhõese R$ 10 bilhões, ante a aplicação de R$ 4,7 bilhões em 2005.Em 2004 o setor já havia alcançado crescimento de 50% em relação ao anoanterior, quando o crédito atingiu R$ 2,2 bilhões.Para o diretor geral da Abecip, Oswaldo Fonseca, as recentes medidas,anunciadas no dia 12 de setembro pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, devemestimular ainda mais a compra de imóveis, "não neste patamar de 100%porque a base aumentou, mas de maneira robusta, dando consistência nessecrescimento atual".Entre as principais medidas, Fonseca considera a criação da prestaçãoprefixada, sem variação da Taxa Referencial (TR) como a que vai estimularconsumidores inseguros a lançar mão do financiamento. "Temos umapossibilidade de fazer os juros fixos, que era uma demanda daqueles que têm umpouco de receio do indexador não acompanhar o salário e ele ter uma dívidamaior do que o próprio valor do imóvel".Embora a modalidade de juros prefixados já existisse, Fonseca lembra que nãoera atraente, porque as taxas eram elevadas. "Agora tempos o casamento dosjuros prefixados e juros baixos".Para o empresário, não vai demorar para que os bancos cobrem taxasinferiores ao limite de 12% ao ano, mesmo sem a utilização da TR. "Os bancosvão aderir e vão fazer concorrência entre si para manter o market share(participação no mercado). Não tenho dúvida", aposta.Ele lembra que se hoje já há bancos que oferecem juros de 8% mais TR, quevaria até 2,5% ao ano, não é difícil fixar em 10,5% ao ano. "Eventualmenteo banco pode até criar dois produtos, os que já estão abaixo de 12% hoje nasomatória da TR e os que outro, com acima dos 12%, com TR fixa".Outra vantagem do incentivo ao setor, é o financiamento que a CaixaEconômica Federal está oferecendo às construtoras. Os recursos disponíveis paraesse tipo de operação, ainda no ano de 2006, são de R$ 1 bilhão. Para 2007, jáforam previstos recursos da ordem de R$ 3,5 bilhões. "Lá atrás quase não existia financiamento daprodução", recorda, "hoje, desse valor que está sendo dado, quase ametade é financiamento da produção". Além disso, aumentou a capacidade decompra das pessoas. "As medidas que estão sendo feitas está colocando maispessoas com condições de adquirir os seus imóveis", diz o diretor.