Ivan Richard e Roberta Lopes
Da Agência Brasil
Brasília - O advogado da comunidade quilombola Lagoa dos Campinhos, no município Amparo do São Francisco (SE), diz que os conflitos entre as famílias e fazendeiros da região começaram em 2002 e se acirraram em 2004, quando a comunidade foi reconhecida pela Fundação Cultural Palmares como remanescente do quilombo Pontal dos Crioulos.Com o reconhecimento, várias terras serão desapropriadas em favor da comunidade. “Esse fato provocou a raiva e a truculência desses fazendeiros, e os conflitos ficaram mais acirrados”, disse Rodrigo Machado.Dentre essas terras, estão as dos fazendeiros José João Lima, prefeito da cidade de Telha, próxima à comunidade, e Edvam Amorim, empresário da região. De acordo com Machado, eles estão ameaçando as famílias e impedindo o uso, para pesca, da lagoa dos Campinhos, que é propriedade da União.O superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Sergipe, Carlos Fontinele, confirma a existência dos conflitos, e diz que o documento para a demarcação do território quilombola deve estar concluído em final de outubro.De acordo com o advogado, em 2002, Lima e Amorim decidiram drenar a lagoa para plantar arroz. A partir disso, a lagoa secou, e os próprios fazendeiros desfizeram a drenagem para que ela voltasse a ter água. Depois desse episódio, acrescenta o advogado, a comunidade entrou com um processo administrativo na Gerência Regional de Patrimônio da União (GRPU) pedindo a demarcação da terra da lagoa e a cessão do uso para a comunidade. Também pediu ao Incra que demarcasse as terras da comunidade.Segundo Fontineli, do Incra, a Secretaria de Patrimônio da União fará a doação da lagoa à comunidade. Além disso, a Advocacia Geral da União (AGU) está propondo uma ação para que os fazendeiros que ocupam irregularmente a lagoa deixem o local.